31.10.08

Bom dia


Dá-lhe a bisca

Mantenhamos uma certa calma. Eis-nos chegados ao lair. A noite é curta e as tentações várias.


Rémora




«(...) De dia para dia parecia sentir-me cada vez mais centrado nas oito paredes que me rodeavam, na sua cor, no desenho das infiltrações e nas raízes que as penetravam. Nelas, é certo, mas também nas três janelas, sem contar com a móvel, que davam alternadamente para a luz e para o vento, todos os dias menos quando não chovia ou fazia sol, as raízes entram e deixam o seu traço, quer se queira quer não. Essas belas três janelas de que escrevo, as três belas janelas são tubos de escape por onde se escoa o fumo dos bongos, é certo, mas as oito paredes não passam de colunas esculpidas em Sua (dele) homenagem.

(...)

Estava só, completamente a sós com o espaço compreendido na equação resolvida entre oito paredes, duas mestras, quatro intermitentes e outras duas sobrantes no mármore, em demasia - como era mister dizer-se, na rua que as abraçava a todas, as equações, sem nunca se comprometer com qualquer uma delas que fosse, embora as abraçasse ad infinitum a todas, indescriminadamente, pois assim é da razão de ser despotista das ruas onde desde 1714 a merda de pombo a gosto se faz escutar e mais não digo ou não tivesse sido esse o parecer do bom grande amigo Sebastião -, já para não falar das pedras da calçada à portuguesa que agora me recordam incessantemente a minha condição de solitário, rodeado de colunas, de estuque, de tinta, de paredes e de construção civil falida. Contudo, a equação não se finda só numa soma de colunas, equações ou falências, bem pelo contrário. Obviamente, por analogia, também os bongos desempenham uma influência cruel. (...)»

27.10.08

Bom dia

The lady was ready to play



É por estas e por outras que este continua a ser um blog de notícias. Tóquio abriu. A descer. Boa noite, vou comprar yenes e já volto, é o que dá ter euros para investir.

Provavelmente é mentira

Havia um bar no fim do Bairro Próximo onde costumava parar há uns anos e do qual fiquei amigo desde então, amigo de estimação e de direitos de autor que não se escrevem na parede, mesmo quando não se tem sede, porque não é assim que nos mexemos, nem tão pouco o que nos dizem que não devemos, porque ficamos sempre a olhar e a dançar e assim é o bar que fica ao fim do Bairro Baixo, um Bar do Texas, descansa, não tenhas medo, ataca o jazz, firmemente ancorado, especado, doido ou metido lá dentro. Sapateado. Um bar do jazz chamado Texas.

Na altura, supostamente, ser amigo no bar era pecado mortal com direito a excomunhão verbal ou seria escrita e mentida e soprada pelo caminho que fazia o fumo que subia a olhar os dias que se arrastavam entre a queda do muro de Berlim, um trabbie a fazer de Wolkswagen e um carro de suspensão francesa encostado à parede do séc. XVII que fazia as vezes de mulher a dias no tal do bar que se dizia de Arbusto mas na volta era tudo treta e o muro ainda não tombara.

Contudo, os tempos mudam, são como as marés, de um dia para o outro, nem é preciso mexer no Islão com luvas de pelica, no outro dia é só dedos de piaçaba no bairro dos amigos dos outros porque eu vivo num condomínio fechado. Bom. Polissemia. Assim se gosta de aprender a escrever e de Virginia Wolf.
Huey Lewis & the news. American mad, mad girl, or should I say the girl with them blue bright beautiful eyes. Bad girls dream, no wonder. Make a bad one right, make a good one wrong.

É esse o poder da escrita. Triste mas fatal. Texas. Berlim. Mulheres bonitas um café para o bagaço e um bairro que ficou à porta da festa que se fez honesta embora de amarga singeleza. Lisboa.

Assim se escreve a derrota. Assim se escreve a derrota numa noite doida de Londres de Praça de Batalha naval, de Rua do Somme e de Átrio de Balaclava. e Pois fim. Não quero saber. É o poder do amor, isto de que escrevo. Sentes? Sentes perto de ti?

Se não for esse o caso, o mais certo é teres visto em mim as tuas Ardenas. Falhei em toda a linha. Provalmente é mentira e a verdade é que te amo.


24.10.08

Cascais?..



Tira a porra do casaco, por favor, tira-o e despe-te.

Café Central

«(...) No dia seguinte acordei só na cama da L. às 10 da manhã e lá fora estava um sol fresco de Outono, um daqueles sóis de Outono de que é impossível não se gostar; acto contínuo senti-me rejuvenescido sentei-me na borda da cama da L. e tacteando liguei a rádio.

Vesti-me sem pressas, servi-me generoso das compotas confeccionadas pela mãe da L. (cruzes, canhoto, o diabo seja cego, surdo e mudo, raios que a mulher cozinha bem), sorri para o espelho antes de escovar os dentes e saí para a rua após me certificar de que não deixara vestígios demasiado evidentes da minha presença naquele espaço ambivalente, o espaço da L. e o espaço onde me escondia dela.

Soprava uma brisa ligeira, era dia de mercado em Corroios e o Ferro ainda não abrira o tasco, mas de qualquer modo não fazia mal, reflecti, até porque não encontrava lugar onde estacionar o carro e, sobranceiro, rumei em direcção a casa a meio gás, só pelo prazer da condução, de olhar travesso no espelho retrovisor, gesto sorna e molenga no volante, pé longo mas seguro no pedal, via Morais Sarmento, Praça do Chile, Almirante Reis, até por fim estacionar, que sorte, mesmo à porta de minha casa.

Não tendo mortalhas para o tabaco, antes de entrar dirigi-me à PME mais próxima de serviço, uma tabacaria que à moda antiga apregoava os jornais do dia em contra-luz, discuti o preço e uma revista de política conjugal e cambista com o proprietário, um tal de Nunes, senhor próximo da minha idade, aviei-me dos papéis que precisava, associei café à ideia do primeiro fumo do dia e, bem disposto, meti-me a subir a rua, cheio de fôlego, como quem vai para a estação mas antes disso se detém no Café Central. (...)»

Sabia que...



...Ao contrário de outros artistas da música, alguns dos quais a puseram em tribunal, os AC/DC nem sequer se demarcaram da utilização abusiva (?..) de Thunderstruck na abertura dos comícios de Sarah Palin? Confesse... Não sabia.


Temos festa

Preparem-se, meninos e meninas, ou o vosso observador financeiro se engana muito ou hoje vai ser um regalo em Wall Street e por essa Europa fora.

23.10.08

Decidi

Hoje vou mudar a minha vida. A partir de hoje passo a contar apenas 10 para trás e 10 para à frente. Acabou-se a rebaldaria.

20.10.08

Playing with Jimmy

I'd give her a go.



Maybe it's them arrogant reading glasses, don't care. Maybe the cool hand poise. Don't care either. Or maybe just the lips, or even only the corruption, who knows, i'd give her a go, that's for sure and also the only reason i don't blame this mess on the crew.

17.10.08

Este Inverno

Vou deitar-te e seja o que Deus quiser.

15.10.08

Os mercados... esses irredutíveis



Se eu vivesse numa pequena aldeia gaulesa no ano 50 AC e fosse fabricante e distribuidor de menires, hoje sentir-me-ia tentado a dizer: Sabes o que podes fazer com as tuas injecções de capitais, sabes? Sabes o que podes fazer com as tuas descidas das taxas de juro, sabes? Sabes o que podes fazer com os teus planos paulsons, sabes?!?

14.10.08

Interlúdio poético

Não move moinho. Não humedece linho. Não espraia carinho. Nem corre com mimo. Dor passada. É água parada, estagnada e esquecida, como palavra já lida. Dor ou água... A dor tem muita rima e assim é da sua sina, é dor de mágoa. Mas dor que é dor sempre rima. Como quem lima a dor que hora finda. Dor que é dor é água. Rima-a se sempre mais é com pudor. que o mesmo é dizer ódio e por vezes amor.

13.10.08

Heil Hitler



Bêbado, depois de andar na farra com putas a noite inteira, foi conduzir, espetou-se a 150 à hora (dobro da velocidade permitida) e morreu Joerg Haider. Heil Hitler.

10.10.08

Slow motion




A duas horas do fecho.

O clone (antevisão)

Ao que parece sou um clone. O DNA do meu Pai é exactamente igual ao meu. Foi o resultado que recebi hoje do laboratório. Mas será que o resultado é fiável? Os exames foram obtidos com cabelo existente no caixão, presente no mausoléu da família. Terei que repeti-los eventualmente com tecido ósseo, por muito mórbido que possa parecer.

As minhas suspeitas cada vez se avolumam mais. As minhas fotos e as dele em idades semelhantes eram completamente iguais. Só havia alguma diferença no vestuário. E depois as pessoas que a rir me diziam que eu era um clone. Eu ia sorrindo, que estupidez, sabendo eu a maneira de pensar do meu Pai.

Só comecei a ficar preocupado quando uma senhora quase desmaiou ao conhecer-me, depois de me chamar Paulo. Era já a segunda vez. Da primeira vez, fora uma outra senhora, casada com um amigo do meu pai, que vivia e ainda vive em Itália.

Mulher inteligente e muito culta, bastante acima da média, e calma, muito calma. Num primeiro encontro em que quase desmaiou também, muito discreta, fez-se encontrada comigo e pediu-me para passear um pouco ao longo do parque.

Estava um dia lindo Olhava-me fixamente visitando o meu rosto, as mãos, nas quais pegou suavemente, mas tudo muito natural e sem que eu estanhasse. Era bonita, ou melhor linda, embora já com rugas.

Que lhe iluminavam os olhos, curiosamente. Disse então como se falasse sozinha a pensar alto: Paulo o que aconteceu para estares aqui comigo? Senti, de certeza sentida, que ela amava o Paulo.

E quase senti pena de não ser ele. Mas mau. Foi quase a medo, que lhe perguntei: estará a confundir-me com o meu Pai?.. Olhou-me como se acordasse e disse devagar: Esquece, deixou-me as mãos suavemente e foi-se embora.

Ainda disse baixinho: perdoa.

Soube depois que tinha regressado a Itália.

9.10.08

Mais pelo motivo




«(...) Isabel nascera numa família cotejada de exótica. O pai, com pouca escolaridade clássica e de duvidoso ascendente, mas dotado de uma grande avidez cultural, lia tudo o que lhe vinha parar à mão e procurava conviver como esponja com artistas, pintores, escultores e de modo mais amplo com todos os marginais do pensamento estabelecido com quem conseguia relacionar-se.

Vivia assim numa inquieta anarquia mental. À medida que os anos foram passando esta enorme colecção de informação adquirida foi-se sedimentando, na leitura matinal do vespertino, nas férias com os netos em Moledo, nas malgas de café e de bolachas na cama com a mulher, à medida que iam fermentando e dando origem a uma sólida cultura, plena de erudição em assuntos como pintura, teatro, poesia, desporto, etc.

A mãe, com a superioridade da escolaridade clássica e a maldição duma moral rígida foi-se aos poucos habituando ao marido, o qual amava mais do de que a vida e, lentamente, transformou a sua maneira de pensar e de ser, tornando-se mais maternal embora, ao cozinhar para ele e para os netos, acabasse sempre por manter alguns resíduos da moral vigente em que fora educada.

Isabel foi assim criada, num ambiente de certo modo anárquico, mas rico em ideias, em livros e em hábitos de livre pensamento. Cresceu habituada a pensar e agir pela sua cabeça.


Na relação inicial com o Trave teve problemas com a família mas com firmeza conseguiu convencer os pais. Sobretudo a mãe, que acabou por aceitar que a filha vivesse com um homem - legalmente desquitado - que continuava casado (concordata da Igreja ao tempo).

Nos primeiros anos tiveram algumas dificuldades, sobretudo em Braga e ao nível de aceitação social mas, com o evoluir dos tempos, e com a ida para Moçambique onde ela obtera uma direcção de turma e ele o comando de uma esquadrilha de Fiats 45, ultrapassaram a situação. Mais tarde, na espuma da independência e com Isabel grávida, depois do 25 de Abril, legalizaram o casamento.

Isabel interrogava-se agora algumas vezes sobre o porquê da duração da sua ligação com o Trave (38 anos). Era evidente que as afinidades culturais e o respeito recíproco tinham jogado uma importância muito grande na situação de vida entre ambos. Moeda curta, no entanto. Recentemente, a inquietação do Trave - ao nível do sexo - começara a incomodá-la. Mais pela quantidade do que por outro motivo.

Quinta-feira - 678



O índice Dow Jones caiu hoje 678 pontos. Ou seja, 7%33 por cento, flutuando agora nos 8.579 pontos. Parece-me que as bolsas asiáticas e os governos chinês e japonês devam reagir, antes que seja tarde demais...

8.10.08

Pensamento da manhã




No one who knows anything about this seriously believes that there is money they've not been able to trace.

Nick Leeson.

7.10.08

Muito boa na cama - mesmo.




«(...)O Trave ficara exausto com o processo de divórcio da Clara e então desafiou a Alice e foi para o Minho pastar, como disse aos amigos. Estava ainda frio em Vigo, onde tinham na ideia passar uns dias. Mas a Alice estava muito para o apropriativo. Sabem como é: com projectos que o incluíam a ele e por isso resolveu desde logo que regressaria à base a destempo. No fundo, o Trave compreendia bem: era a conjugalidade latente que tanto aparece em muitas mulheres de meia idade, já entradas nos quarenta mas ainda a julgarem que são meninas.

Na verdade, a conjugalidade existe de facto, que raio, mas exige muitos, muitos anos de convívio. Agora como muleta da solidão, sem um passado de longas memórias, torna-se piegas, lamecha. No entanto, talvez fosse rebate falso. Se calhar tinha sido do frio, concluíra o Trave, após um programa no club onde tinham ido jantar.

A Alice, longas pestanas negras e pele branca de leite, com pernas curtas mas bem torneadas tinha um passado conjugal complicado, a pobre. Com o primeiro marido, casara muito nova, vítima da influência da família. O sexo? Com eles resumia-se ao facto de que ele apenas se servia dela. Aprendera cedo a masturbar-se sozinha e assim foi andando alguns anos, mas as discussões e o mal-estar desta convivência arcaica terminaram finalmente em divórcio.

Algum tempo depois a Alice veio a conhecer um homem mais velho, calmo e inteligente embora um pouco clássico em demasia, com quem deu o nó. Pela primeira vez sentiu-se feliz, acarinhada, compreendida, com uma vida sexual normal. Conhecendo finalmente o orgasmo a dois e o prazer da partilha do sexo. Infelizmente, ele adoeceu gravemente quatro anos depois, e assim se manteve mais de três anos até por fim falecer com menos cinquenta quilos.

Foi uma falta enorme seguida a curto prazo pela da morte da sua mãe, o que ainda veio a contribuir mais para que Alice quase entrasse em depressão Mas era de boa cepa e com o trabalho profissional intensivo acabou por recuperar. Agora, andava aparentemente muito bem, uma mulher descomplexada e colaborante, sendo manifesto o trabalho por ela desenvolvido em prol da despenalização das drogas duras.

E, além do mais, pensou o Trave, é muito boa na cama, mesmo muito boa.(...)»

A partir de mais um inédito de José Dias Ferro.



Dow baby, dow...



Cinco por cento baby, 500 pontos baby, cinco por cento, baby...

6.10.08

Tens 18 anos e a quarta-classe?



«(...) O Trave, quando a Clara tinha falado nos SPV (Sucedâneos de Paixão Violenta), pensou na Françoise. Já não lhe acontecia há muito tempo.
Tinha-a encontrado na praia, há mais de 30 anos, na Figueira da Foz, ele numa directa de farra no casino, ressaca até mais não, de aturar as burguesinhas de Coimbra (exigentes de paleio vadio para irem para a cama).
Ela estava sentada na areia com uma amiga também francesa. A amiga tinha ideias claras de política, era militante do PC francês, ambas com 23 anos. Ele com 22 andava empolgado por ideias e convicções progressistas de todo o tipo.
Françoise assistia calada à conversa com a amiga... apenas disse depois que gostava de sol e de mar. Via-se que era verdade, vendo-a olhar para aquele mar azul em frente.
Porém, passada uma hora apanhou o comboio para Lyon e durante quase um ano não souberam um do outro. Um dia, de viagem por Paris, o Trave escreveu-lhe sugerindo um encontro na Torre Eiffel. Foi assim uma sem pés nem cabeça, Lyon a 650 quilómetros de Paris e passado tanto tempo. Só por descargo de consciência apareceu na Torre. Ela afinal estava lá.
Passaram o dia juntos, a passear de mão dada, e à noite foram para um Hotel onde aconteceu sexo, mas nervoso. Ela era virgem. Virgem mesmo, fisicamente. O Trave seguia já atrasado para Inglaterra, despediram-se no dia seguinte, mas ela ficou «in the back of his mind» (já estava a pensar em inglês) e passado menos de quatro semanas reencontraram-se em Lyon.
A mãe tinha viajado e foram para casa dela. Foram oito dias apenas. Durante oito dias amaram-se ou, talvez melhor, plasmaram-se um no outro. Saíam da cama apenas para as necessidades básicas, a comida pouco lhes interessava, e logo mergulhavam um no outro; durante horas e horas, dia após dia, possuíam-se, olhos nos olhos. A vinda da mãe salvou-os, de morrer de exaustão. Ao apanhar o comboio para Portugal, olhos nos olhos sempre, quase deixava o casaco na plataforma da estação. Sem saber quando voltaria a vê-la os joelhos tremiam-lhe quando finalmente chegou.
Sem hipóteses de tornar ao estrangeiro tão cedo, o calendário de treino da força aérea era exaustivo, aguardava agora que as aulas na faculdade dela entrassem em férias. Para se reverem viria passar as férias em Portugal.
Entretanto, o Trave comportava-se muito direitinho e os colegas diziam que andava na graça de Deus. Sabe bem Deus como andava. Sentia a falta dela, tanto, de tal modo tanto, que às vezes lhe doía. Dores por todo. Era o corpo inteiro a gritar por ela.
Quando as aulas acabaram finalmente Françoise chegou a Portugal. O Trave, que a esperava no aeroporto, notou-a diferente. Ao encará-la após um abraço prolongado reparou pela primeira vez que ela tinha olhos azuis, ou cor de avelã? Tinham cor. Que o corpo dela era alto, bem feito, cabelos compridos caídos nas costas, peito bem desenhado. De repente tinha começado a vê-la. Até aí sentia-a. Agora era uma pessoa, não era uma parte dele como até então. Esquisito, pensou. Estava confuso. Quando logo depois foram para a cama sentiu as pernas dela longas e macias. Sem querer e sem pensar ou saber porquê, o sexo entre eles estava diferente. Mais kamassutrizado. Era bom, bom de verdade mesmo, mas não era a mesma coisa. Muito camaradas, tudo muito bem, muito normais...
Nos dias que se seguiram misturados com mar e piscina tudo continuou bem, mas para o Trave tinha-se partido alguma coisa.
Quando ela regressou a França, combinaram o próximo encontro, nas férias do Trave, ele, porém, sabia já que era a última vez que estavam juntos. Mas porquê? Enxertado em camelo, comentou para si próprio; de nascença enxertado em camelo.

SPV, era isso, afinal estava precisando mesmo de S.P.V. (...)»

A partir de mais um inédito de José Dias Ferro, meu pai.


Milagre em Wall street?



Depois de ter estado a perder quase 8 (oito) pontos percentuais a duas horas do fecho, o sino fechou a sessão do Dow Jones em Wall Street «apenas» a -3.52%, ou seja 9962 pontos. Volátil é palavra sem sentido para o que se passou hoje.

It's coming Dow



Sete pontos percentuais, à medida que escrevo estas palavras.

Segunda-feira negra



Todas as bolsas europeias registaram hoje quebras inimagináveis há umas escassas duas semanas, quando, apesar dos sinais de alarme, os mercados pareciam relativamente estáveis. Hoje, pelo contrário, Londres fechou a -7.85%, Frankfurt a -7.07%, Paris a -9.04%, Moscovo a -18.58% e... Lisboa registou a sua maior quebra diária de sempre: -9.58%, sendo que o Executivo, à semelhança de outros governos europeus, acaba de anunciar que garante os depósitos das poupanças dos portugueses (medida de sinal duvidoso, no entender de muitos analistas e que pode agravar ao invés de aliviar a pressão sobre o mercado).

Entretanto, nos EUA o índice Dow Jones está também a cair, cerca de 5% a meio da sessão e dobrou pela negativa o cabo dos 10.000 pontos (coisa que não sucedia desde Outubro de 2004). Além Atlântico ainda, no Brasil a bolsa teve de ser encerrada, após uma quebra superior a 15%. Na Ásia os mercados abrem dentro oito horas e o nervosismo é enorme.

Onde é que isto vai parar? Muito sinceramente não sei e parece-me que não há ninguém no mundo que o saiba. O que sei é que é apenas segunda-feira e esta semana mal começou e este já foi um dia negro para os mercados mundiais. Uma coisa, contudo, é certa: vamos começar a sentir a crise financeira nas nossas carteiras muito em breve.

Dow Jones em queda livre

Três pontos percentuais em cinco minutos. Tem de recuperar, tem de recuperar, senão estamos todos f******.

Actualização, 10 da manhã em Nova Iorque: Dow a estabilizar entre os dois e os três pontos negativos.

Actualização, 10h07: Dow abaixo dos 10.000 pontos, há quatro anos que não sucedia.

Actualização, 10h30, Nova Iorque: Dow Jones a perder 4 (quatro) pontos percentuais. Bolsas europeias em quebra acentuada: Londres: -6.46 Paris: -7.74, Frankfurt: -6.80, Moscovo: -18.60, Lisboa: -7.50.

Actualização, 10h45: Dow Jones ultrapassa 5 (cinco) pontos negativos; Paris bate 9 negativos, Londres passou os 8 e já perto dos 9, tal como Frankfurt. Lisboa: -8.66.

Actualização 11h00: Dow a recuperar para os 4 pontos negativos.

BOVESPA fecha de emergência

Depois de Moscovo... São Paulo.

Depois não digam que não avisei...



Psi 20 na vanguarda da quebra das bolsas europeias.

Está a desmoronar-se

Tóquio (-4.25), bolsa fechada. Moscovo (-16.7%), transações interrompidas por duas horas. Londres (-5.36), bolsa aberta. Paris (-6.13) bolsa aberta. Berlim (-5.57), bolsa aberta. Lisboa (-5.90) bolsa aberta.

Faltam sensivelmente duas horas para a abertura de Wall Street, da resposta do DOW, do Nasdaq e do S&P 500 depende tudo.
Tenham uma boa segunda-feira.

5.10.08

A Zaida

(...) O Trave, uma vez, numa noite quente em que conduzia o carro devagar, deu-se conta de que o som de Astor Piazolla o tinha súbita e completamente agarrado, como se lhe acariciasse os tomates.
Já conhecia o álbum mas, talvez por estar a tocar a Milonga del Angel, começou a sentir, insidiosamente, a falta física da Zaida. Foi uma espécie de angústia visceral, mas suave. Doía, mas ao de leve, por dentro. Depois, a música silenciou-se a estrada correu escura e lentamente tudo normalizou na saída da auto-estrada. A Zaida! Só agora, que ela se afastara da sua vida, é que lhe dava para estas coisas, para estas coisas da Zaida.

Era meio aciganada, «ar de puta espanhola», segundo a Isabel. Alta, muito elegante, pisando bem, mas insegura, feições marcadas, quase feia, um acidente.
Muito esperta, mas com a cabeça cheia de alicates, erudição apenas necessária, vendia chips para computadores dos aviões. O Trave, quando a conheceu, no primeiro dia, deixou-a vender o peixe dos chips e perguntou-lhe a descaso: Você é casada? Ela olhou-o, a ver, muito directa. E respondeu: Sou, porquê? Firme nos olhos também, ele disse devagar, lentamente: Pena, poderíamos passar um fim-de-semana juntos. Ela corou, articulou um vago «tenha juízo», voltou ainda baralhada aos chips e saiu. (...)

A partir de um inédito de José Dias Ferro, meu padrinho.

Sete anos depois...



“We’re not going to win this war. It’s about reducing it to a manageable level of insurgency that’s not a strategic threat and can be managed by the Afghan army.”


Brigadeiro Mark Carleton-Smith, comandante do corpo expedicionário britânico no Afeganistão, lido hoje no Sunday Tmes.

Wanna go fishing?



O Dow caiu 1.5% na sexta (depois dos otários em Capitol Hill terem anunciado a bailout bill e depois de na quinta ter caído 3%), hoje já é domingo e daqui a umas horas vou à pesca.

Vou pescar à Linha, ter com um amigo e na volta com mais e ver como está o mar para aqueles lados. Suponho que esteja agreste mas - para mim - agreste ou suave vai tudo dar ao mesmo, mar é mar e o resto são palavras de quatro letras. Enfim, tenham um bom domingo e até segunda-feira; volto - prometo - na espuma do NIKKEI.


2.10.08

New deal

Mercados asiáticos a subir

A uma hora [fonte CNN] da votação do Senado, os mercados na Ásia estão a subir, cerca de 1%, no que, aliás, acompanham a tendência do FTSE de ontem.