27.10.08

Provavelmente é mentira

Havia um bar no fim do Bairro Próximo onde costumava parar há uns anos e do qual fiquei amigo desde então, amigo de estimação e de direitos de autor que não se escrevem na parede, mesmo quando não se tem sede, porque não é assim que nos mexemos, nem tão pouco o que nos dizem que não devemos, porque ficamos sempre a olhar e a dançar e assim é o bar que fica ao fim do Bairro Baixo, um Bar do Texas, descansa, não tenhas medo, ataca o jazz, firmemente ancorado, especado, doido ou metido lá dentro. Sapateado. Um bar do jazz chamado Texas.

Na altura, supostamente, ser amigo no bar era pecado mortal com direito a excomunhão verbal ou seria escrita e mentida e soprada pelo caminho que fazia o fumo que subia a olhar os dias que se arrastavam entre a queda do muro de Berlim, um trabbie a fazer de Wolkswagen e um carro de suspensão francesa encostado à parede do séc. XVII que fazia as vezes de mulher a dias no tal do bar que se dizia de Arbusto mas na volta era tudo treta e o muro ainda não tombara.

Contudo, os tempos mudam, são como as marés, de um dia para o outro, nem é preciso mexer no Islão com luvas de pelica, no outro dia é só dedos de piaçaba no bairro dos amigos dos outros porque eu vivo num condomínio fechado. Bom. Polissemia. Assim se gosta de aprender a escrever e de Virginia Wolf.
Huey Lewis & the news. American mad, mad girl, or should I say the girl with them blue bright beautiful eyes. Bad girls dream, no wonder. Make a bad one right, make a good one wrong.

É esse o poder da escrita. Triste mas fatal. Texas. Berlim. Mulheres bonitas um café para o bagaço e um bairro que ficou à porta da festa que se fez honesta embora de amarga singeleza. Lisboa.

Assim se escreve a derrota. Assim se escreve a derrota numa noite doida de Londres de Praça de Batalha naval, de Rua do Somme e de Átrio de Balaclava. e Pois fim. Não quero saber. É o poder do amor, isto de que escrevo. Sentes? Sentes perto de ti?

Se não for esse o caso, o mais certo é teres visto em mim as tuas Ardenas. Falhei em toda a linha. Provalmente é mentira e a verdade é que te amo.