30.3.07

1º aniversário


O Lado Negro da Lua faz hoje um ano de existência. Um ano passa depressa, mas ao mesmo tempo passa devagar. O tempo blogosférico é diferente do tempo real. Na blogoesfera muito é diferente do real. Por outro lado, a blogoesfera é um reflexo(embaciado e distorcido) do real. E a blogoesfera pode ser um instrumento de sedução e de exercício de poder. E é também um espaço de liberdade criativa que nos permite ir descobrindo, de tempos a tempos, bloggers com trabalhos muito interessantes. Não querendo ser injusto para ninguém, entre outros destaco os textos da Cora Lina, os do Lorde e os da Gotika.

A título pessoal, devo dizer que gostei muito do tempo que por aqui passei no último ano. Tempo de mudanças na vida real, umas muito doces, outras muito amargas, mas sobretudo drásticas. A blogoesfera foi em várias ocasiões um espaço de fuga à voragem da realidade, um espaço de estabilidade. Na vida blogoesférica também foram sucedendo algumas mudanças, mas muito menos pronunciadas. Enfim, gostei.

Em nome da equipa, um grande obrigado a todas as pessoas que, ao longo do último ano, connosco interagiram e nos fizeram crescer, curiosamente não só como bloggers, mas também como pessoas na vida real. Bem Haja.

Foto cortesia de Promenade du Feu.

29.3.07

Pensamento extra


"Era um de um lado com uma canhota, e um irmão com uma canhota no outro. O primeiro a disparar, isso era o debate político."


José Mário Branco,
comentário sobre o debate político
durante a guerra colonial.

28.3.07

Pensamento da noite




Chew before you swallow.



George W. Bush,
On TV, about his passing out eating a pretzel

27.3.07

Carpe Diem


Ele há dias assim. Se nunca os viveram lamento a vossa sorte. São dos melhores que se possam ter. Convém que seja a meio da semana. Quarta-feira é bom, quinta é ainda melhor. Comecem por acordar muito cedo e telefonem para o emprego a avisar que estão doentes (peta, claro) e que não podem ir trabalhar. Depois, voltem para a cama e durmam a sono solto até a barriga começar a dar horas. Almocem sem sequer tomarem banho e passem a tarde toda na treta, sem tirarem o pijama e sem arrumarem nada, mesmo que a casa esteja uma autêntica javardice. É que é tão fixe que até dá para brincar com o gato da vizinha a ver se sempre é verdade que os felinos caem de pé. Aproveitem.

26.3.07

Típico

Num concurso badalhoco em que ninguém esteve bem, desde a apresentadora pseudo culta que deveria ter ficado em Londres, passando pelo slogan tipicamente idiota a piscar o olho a outros conceitos ainda mais idiotas: Só pode ficar um/There can be only one, (onde é que já ouvi isto?) aos comentadores vácuos ou histriónicos (ai Odete, filha, vai para a reforma), o maior português de todos, sabe-se agora, é Salazar.


Pois. Deve ter sido por isto: "Ensinai aos vossos filhos o trabalho, ensinai às vossas filhas a modéstia, ensinai a todos a virtude da economia. E se não poderdes fazer deles santos, fazei ao menos deles cristãos". Pois, todos muito bons cristãos e poupadinhos. Típico.

Parabéns


Julagava que ela não queria que se soubesse... Mas estava enganado. Ela não só quer que se saiba como até faz gala nisso! Assim sendo, deste lado só podíamos realmente endereçar os nossos sinceros parabéns à senhora do Bosque (no retrato)!

Pensamento do dia


"There are no desperate situations, there are only desperate people."

Heinz Guderian

19.3.07

Alameda das margaridas



... E mesmo que faça frio,
que os carros se incendeiem nas ruas,
que as estátuas se metam nuas
sem mais delongas a andar

Ou que as gentes de repente
se tomem de luas
E doidas se ponham a gritar

E ainda que o Tejo
se alevantasse do Mar

Que o rio todo transbordasse
num oceano de dor

Peço-vos que passem por mim ao Rossio

E que entreguem à minha flor
esta água que me nasce no olhar.

A despedida



Saiu do avião e telefonou-lhe. Era noite, não estava tão frio como na partida, embora corresse uma brisa fresca, feita de um misto de maresia e de smog, que o desagradou. A data iria marcá-lo. Não o sabia ainda, mas as suas acções nas horas seguintes iriam ter largas consequências. Entre outras mais ou menos relevantes, este relato, que me repetiu vezes sem conta e do qual apenas omiti os detalhes pessoais.

Encontraram-se à porta da casa dele. Ela esperava-o, discreta, não tão magra como da última vez e as calças de ganga assentavam-lhe mal. Mas os olhos não haviam mudado. Ele trazia o seu inefável blusão de couro e tinha a barba por fazer, os olhos vermelhos do cansaço da viagem, as mãos trémulas. Envelhecera nos últimos meses, trazia as rugas da testa mais pronunciadas, não muito, apenas ligeiramente, mas o suficiente para ela o notar.

Trocaram dois beijinhos que estranharam, ele foi pôr a mala a casa e seguiram para o jantar. Ele comeu com apetite, ela nem por isso, observava-o, estudando-lhe as feições, quase tão familiares como as que diariamente o espelho lhe devolvia a ela, e ao mesmo tempo, já tão distantes.

Conversaram. E ele bebeu mais do que ela. Depois de trocadas as notícias que se trocam entre duas pessoas que se conheciam até bem demais, na medida em que cada um julgava conhecer melhor ao outro do que a si mesmo, foram, a pé, devagar, até ao bar que ele lhe havia ensinado, anos antes.

Discutiram o assunto que tinham pendente e chegaram a conclusões. Ainda tiveram tempo para rir e combinar que seriam amigos. Estavam alegres e animados, curiosamente, quase como se ambos estivessem aliviados por nenhum deles ter feito uma cena.

Agendaram um jantar para a quarta-feira seguinte. Ele garantiu que dessa feita pagaria a conta, apesar dos protestos dela, que fora sempre o esteio principal da economia comum e que sabia que o orçamento dele não lhe permitia grandes luxos.

Quando estavam quase a separar-se, deram por si a trocar beijos apaixonados, sentindo nas bocas o gosto um do outro, explorando com as línguas a memória de milhares de beijos que haviam trocado em tantas outras situações, umas mais felizes, outras menos, mas nunca numa como naquela em que agora se encontravam.

Caíram em si e riram-se. Primeiro baixinho, nervosos, ainda enlaçados como se haviam habituado a estar, e depois já soltos, à gargalhada, cúmplices.

Ele deu-lhe a mão e acompanhou-a até à boca do metro. Ao separarem-se, riram de novo e concordaram que no presente âmbito das suas relações não se poderiam mais beijar na boca. Um último aceno e já ele descia a rua, ela as escadas do metro. Apesar do que tinham combinado, nunca mais se voltaram a ver. Ele, embora não o admita, ainda a ama. E ela também.

Birmingham, 23 de Março de 2006.

11.3.07

Pensamento de domingo



Quando um tipo solteiro atinge determinada idade, é convidado frequentemente para casamentos. Ora tal é muito aborrecido. Como é óbvio, um tipo em semelhantes circunstâncias preferiria mil vezes ser convidado para funerais - jamais casamentos.

Foto: Picasso



10.3.07

Nota Interna 2



Ahahah! Embrulhem, Lobo e Helel, embrulhem, não são só vocês que sabem fazer notas internas!..

Foto publicada originalmente aqui

Pensamento da noite




The brain is a wonderful organ. It starts working the moment you get up in the morning and does not stop until you get into the office.

Robert Frost

5.3.07

Nota interna



Pois é meus meninos, agora, quem tiver unhas, toca guitarra ;-)