21.8.07

Roubo legalizado



Em Lisboa está em curso um roubo legal que consiste em multar automobilistas que ultrapassem os 50 km horários, quando circulam em autênticas vias rápidas, com três e quatro faixas de rodagem. Não faz qualquer sentido. É apenas e tão só roubo legalizado, com o intuito de encher os cofres da Câmara à custa dos automobilistas. Leiam sobre o caso aqui. E, se acharem por bem, assinem a petição contra esta falcatrua em: www.petitiononline.com/dotecome/petition.html

16.8.07

Props-Ba

Props-Ba. Não sabia que raio de bar era aquele, nem exactamente onde estava, mas tinha que parar, tinha que parar! Tinha que se acalmar ou ainda tinha um ataque! Estacionou e saiu do carro, para o meio do temporal, em direcção ao bar com o nome peculiar. Tinha que se sentar por um instante. Beber qualquer coisa, sim. Depois logo via o que fazer quando tudo estivesse terminado. Afinal, pouco passava da meia-noite. O Inverno ia longo, a sua silhueta escura atravessava a estrada deserta em direcção ao bar pouco iluminado, mas que parecia emanar uma certa classe. O néon azul deu-lhe as boas vindas. Pedro entrou, percorreu um curto corredor, atravessou a cortina calmamente, embora a tensão fosse evidente no seu rosto e no seu caminhar até ao balcão. O bar aparentava ser um local discreto e calmo. À sua esquerda encontrava-se o longo balcão em madeira escura e na parte direita viam-se algumas mesas cujas cadeiras estavam ocupadas por pessoas a conversar e a beber, os seus rostos indistintos escondidos pela sombra. A um canto, uma pequena banda de jazz ia soltando notas para o ar.
O balcão estava apenas ocupado por um homem alto e elegante. Os seus olhos iam passando do copo à sua frente para o relógio e, sem pressa, ia dando um gole no whisky. Pedro sentou-se uns bancos afastado, no canto, só; nesta altura, companhia era a última coisa de que precisava. Acenou discretamente à bartender e pediu um whiskey duplo sem gelo, que lhe foi servido com gestos rápidos e precisos. Sofregamente, segurou no copo, levou a mão trémula à boca e sorveu um longo trago, apenas para tossir doentiamente de seguida, curvado sobre o balcão.
- Não está habituado a beber whiskey? – perguntou uma voz de homem, clara e descontraída. Pedro virou a cabeça rapidamente na direcção da voz, constatando, sem surpresa, que esta provinha do homem uns bancos ao lado. Este levantou-se, pegou na sua bebida e dirigiu-se ao lugar de Pedro. Posso? – perguntou a Pedro em tom educado, estendendo a sua mão esguia para o banco vizinho.
O homem aguardou elegantemente de pé, a mão ainda estendida, um sorriso afável e discreto, uma resposta. Pedro, ainda aturdido pelo espanto, encarou o rosto deste estranho personagem. Que quereria ele? Saberia de alguma coisa? Estaria ali para o apanhar? Disparate! Não passava de um estranho num bar. Sem reflectir, Pedro sentiu os seus lábios secos proferir uma resposta afirmativa e, de um momento para o outro, passara a estar acompanhado. Seguiu-se um longo silêncio; poderia ter durado uns segundos apenas, ou até alguns minutos, Pedro não sabia. Ia apenas observando, mais curioso que temeroso, sob a fraca luz do balcão, o rosto do homem enquanto este passava, com uma certa tranquilidade, os olhos esverdeados da bebida para o relógio e deste de volta para a bebida. Pousou o copo vazio no balcão, cofiou o bigode e a pêra loiros e virou o rosto magro e pálido para Pedro, aguardando uma resposta.
- Então?
- Então…? – retorquiu Pedro, não compreendendo a pergunta.
- Whiskey… Não está habituado a beber whiskey.
- Eu… não, de facto, não. – respondeu com voz tremida, recordando a pergunta do estranho, que parecia ter já horas de distância. – Não costumo beber. - Sorveu o resto da bebida e suspirou, caindo no silêncio.
Ouvia-se apenas o som de vozes a conversar na distância e o jazz que preenchia os restantes silêncios. Ao fundo, a bartender, uma rapariga jovem, talvez com os seus vinte anos, não muito alta, com cabelo curto encaracolado e movimentos discretos, estava de costas, colocando-se em bicos dos pés para guardar umas garrafas no lugar.
O estranho capturou o olhar de Pedro, sorriu e recomeçou casualmente:
- É uma rapariga interessante, não é? – perguntou num sussurro com um tom de cumplicidade, inclinando-se na direcção de Pedro. Este quase saltou do banco ao ouvir a questão.
- Não…! Quer dizer, é…! Estava apenas… - balbuciou Pedro nervosamente, em jeito de justificação. O estranho soltou uma curta gargalhada.
- Calma, amigo. Estamos numa conversa entre homens, não tem que ficar nervoso. Sem dar hipótese de resposta, virou-se para a frente e dirigiu-se à bartender.
- Mariana? Dois bourbons duplos com gelo, por favor. Mariana afastou-se tão calmamente como se aproximara, indo preparar as bebidas. – Eu pago-lhe um copo. – disse o homem a Pedro, piscando-lhe um olho.
- Eu realmente não devia...
- Vá, vá, eu deixo que me pague o próximo. – atalhou o estranho com leveza.
Mariana voltara com passos leves e servira as bebidas. Sem se aperceber bem, já Pedro levava o copo à boca seca.
- Mariana? – o estranho dirigiu-se de novo à bartender; colocando a mão sobre a dela assim que esta pousou o copo, sorriu e sussurrou: - Que tenho de fazer para ganhar o teu amor, minha querida?
Mariana virou o rosto para o homem, os seus olhos brilhavam na escuridão do bar. Retirou a mão com delicadeza e esboçou um sorriso frio: - Basta que pagues a conta, querido. – Virou costas sem mais uma palavra e afastou-se.
O homem sorriu e pareceu lembrar-se que Pedro estava a seu lado.

- Só vejo dois motivos para um homem meter-se num bar a estas horas para beber. Dinheiro ou mulheres. E, pela qualidade do whiskey que pediu há pouco, aposto que o motivo só pode ser uma mulher. Acertei? – perguntou, exibindo a sua expressão leve.
Pedro não respondeu imediatamente.
Ali perto, ecoava o som estridente de um telemóvel. E tocava, incessante, penetrando dolorosamente nos ouvidos já habituados à suavidade da música do bar. Só quando se apercebeu dos olhares penetrantes vindos das mesas resguardadas pela escuridão é que Pedro lançou, apressado, a mão ao bolso do casaco e atendeu. «Estou sim?» – atendeu numa espécie de pânico. - «Ah, Rui, és tu! Que se passa? Porque é que me estás a ligar a estas horas? Sim… Sim, sim, claro, a reunião. Pois... amanhã, às quatro no banco. Sim, exacto, com o director. Estavas a rever o quê? Pois, a papelada… tratei, tratei. Ok, até amanhã.» Desligou, escondeu com dificuldade um suspiro e limpou a fronte suada com um lenço. Sentia os olhos verdes do interlocutor perscrutarem-no. Olhou-o de soslaio.

- Banco? É banqueiro? Interessante… muito interessante. – comentou o homem, cofiando mais uma vez a pêra. Pedro notou um misto de surpresa e curiosidade no rosto deste estranho personagem. Voltando ao seu sorriso habitual, cortês e afável, acrescentou: - Sendo assim, não se importará, certamente, de pagar a próxima rodada.
- Eu… sim, porque não… Bartender, mais dois por favor. – ouviu Pedro a sua própria voz soltar-se, como se não partisse de si, arrastada.
- Obrigado pela generosidade. – agradeceu o estranho, estendendo um dedo longo em direcção à sua própria testa: - Escapou-lhe aqui um bocadinho...
- Como…?
- Suor… na testa… - disse secamente, levando o novo copo de bourbon à boca. - Isso. - acrescentou, depois de Pedro voltar a passar o lenço pela testa. – Parece nervoso, amigo… agitado. Quer parecer-me que aí há mais do que um rabo de saias. – comentou, acendendo um cigarro e estendendo o maço a Pedro, que agradeceu, pousando o olhar na chama bruxuleante.
Soltou uma baforada rápida.

- E que tem com isso!? – inquiriu Pedro intempestivo, arrependendo-se logo de seguida da sua própria agressividade.
A expressão do homem endureceu.
- Peço desculpa… De facto, não é da minha conta… - o homem voltou a demorar o olhar no relógio. Já passava da uma.
- Porque está sempre a ver as horas? - perguntou Pedro irreflectidamente.
- Daqui a um bocado tenho que ir trabalhar.
- A estas horas? O que é que faz?
O homem fitou-o nos olhos e exibiu um sorriso trocista. Pedro hesitou.
- Ora, eu diria que os meus afazeres só a mim me dizem respeito.
- Ouça, peço desculpa pela forma como o tratei há pouco. É que tenho andado... Problemas com a mulher. Sabe como é... - desabafou Pedro secamente, apagando o cigarro que ainda ia a meio. Lembrara-se que estava a tentar deixar. Bebeu um longo gole do bourbon.
- Já vi que lhe ganhou o gosto. – notou o estranho com surpresa. – Hm, casamento… já estive nesse barco e saí dele com vida. A custo, mas saí. – acrescentou, erguendo lentamente o copo.
- Alguma vez o traiu? - a questão pareceu ter rompido da boca de Pedro como se da explosão de um vulcão há muito adormecido se tratasse. O estranho pousou o copo antes mesmo de beber. Ergueu as sobrancelhas, surpreendido pela natureza da pergunta, e respondeu com segurança.
- Não.
- Como sabe?
- Sei.
A silhueta de Mariana ia passeando de cá para lá do balcão, trazendo a bandeja repleta de copos vazios e levando-a com outros tantos cheios. Pedro apenas desprendia o olhar da bartender quando tinha a certeza de não estar a ser ouvido.
- Mas como pode ter a certeza!? – sussurrou, com uma certa aspereza.
- Acredite, eu sei.
- Pois, eu sei que a minha me traiu! Talvez mais do que uma vez e continua a trair. Arrasta-se há anos… Há outro, eu sei! Tenho provas, mandei segui-la! – exclamou Pedro com os olhos fixos no balcão. A expressão do estranho tornou-se grave e férrea. – Tenho um amigo que conhece um sujeito obscuro… Mandei matá-la! Não vou suportar nem mais uma humilhação!
- Contratar um tipo que nunca viu mais gordo para… não acha que é uma atitude drástica? – perguntou em tom delicado, meio divertido.
- Não acredita em mim!? – rugiu Pedro, não reconhecendo a sua própria voz, que parecera ter ganhado vida própria.
Ao fundo, ouviu-se o som de um copo partir-se em estilhaços. Um cliente deixara cair a bebida perto da mesa de snooker e Mariana apressara-se a ir ver o que se passava. Tê-lo-iam ouvido? Teria falado demasiado alto? E que estava a fazer a conversar sobre isto com um perfeito desconhecido!? Levantou-se de um salto. Perdeu o equilíbrio. Sentiu uma mão no ombro e olhou para trás, apenas para ouvir a voz já familiar.
- Calma, amigo, sente-se. Parece que já bebeu para além da conta, hã?
- Não, estou bem… Foi só uma tontura...
- Deixe lá, homem, acontece aos mais fortes. Eu tenho que ir embora agora. Venha, eu dou-lhe uma boleia até onde precisar.
Pedro estudou os olhos do homem, mas não encontrou mais do que um olhar amigo e pronto a ajudar.
- Desculpe o incómodo... desculpe. - balbuciou Pedro, tentando recompor-se. O estranho exibiu um sorriso amável.
- Não faz mal, não faz mal! A chuva e o vento frio vão pôr-lhe a cabeça no lugar em menos de nada. - disse o estranho, enquanto pegava na pasta e ajudava Pedro a equilibrar-se. – Vamos lá!
O vento rugia lá fora e batia nas janelas como se tentasse derrubar o edifício. Chovia intensamente no momento em que os dois homens pisaram a rua. Caminhavam lado a lado. Pedro, esforçando-se por ignorar a chuva que lhe chicoteava a face com ferocidade e o álcool que lhe toldava os sentidos, observava o homem com atenção. Que estranho encontro aquele. E como fora descuidado! Será que iria denunciá-lo? Ou pensaria apenas que não passava da algaraviada de um bêbedo de bar? O tipo não era ameaçador, poderia facilmente dominá-lo e, se necessário, matá-lo. Em todo o caso…

- É já ali. – apontou o homem para o beco, interrompendo as cogitações de Pedro. Viraram a rua em passo apressado, entraram no beco e, de súbito, o estranho estacou.
- Passa-se alguma coisa? – perguntou Pedro, agitado pelos seus pensamentos, o corpo ensopado pela chuva gelada. Um comboio de ideias atravessou-lhe a mente. Tentaria o sujeito alguma coisa contra ele?
- Peço imensa desculpa, mas… - apalpou os bolsos, - parece-me que deixei as chaves no bar. Vá andando. Está a ver aquele Ford ali mesmo ao fundo? Volto num instante. Rodou nos calcanhares e começou a andar em passo apressado. Pedro viu-o afastar-se, voltou costas e arrastou-se para o carro. Afinal, tudo não passava de um temor infundado. O corpo de Pedro caiu pesadamente sobre a pedra fria e escura. A água da chuva ia lavando o sangue que jorrava abundantemente da sua nuca, exactamente no ponto onde a bala penetrara o crânio.
Não muito longe, aproximavam-se passos por sobre as poças e o estranho parou junto do cadáver de Pedro. Guardou o revólver na pasta, virou costas ao corpo inerte, tirou o telemóvel do bolso de dentro do casaco e começou a avançar para o carro. - Estou? Nem imaginas com quem acabo de beber uns copos. Não… Tenta outra vez… Não… Acertaste! Não estou a gozar, é a sério! E então? E então despachei-o. Claro! Num beco... as ruas estão vazias. Eu sei o que faço. Mas queres saber a melhor? Esta não adivinhas. Parece que o imbecil tinha contratado um assassino para te matar esta noite. Para parecer um assalto... coisa simples. Confessou, já com os copos. O idiota! Afinal, parece que hoje sempre tenho a noite livre… e tu também.

11.8.07

Pensamento da noite



Do meu ponto de vista, não há jogo mais estúpido do que o futebol. Quer dizer, o futebol americano é ainda mais estúpido. Mas, vamos lá a ver: até gosto de jogar à bola (de preferência equipas mistas) e, de tempos a tempos, sou pessoa para apreciar os dribles de um George Best, de um Pelé ou de um Maradona. Agora, perder 90 ou mais minutos a ver 22 palhaços cheios de testosterona correrem atrás de uma bola... Pff... Não há cock fest que bata isso e eu, confesso, sou demasiado macho para esse tipo de paneleirice.

10.8.07

É sexta!



É sexta e é Verão e já passa das 10 da noite! Let's Party!


A 13ª Hora - IX

Cai a noite e é a hora das decisões. Um velho ri até à morte e um filho sonha que já é doutor. Lá longe, muito longe, uma enfermeira chora e um médico redige uma certidão de óbito. O filho do homem morto pega numa arma e oculta-a à cintura. Vai dominar o mundo, vai ser feliz com uma mulher viúva. Onde, quando, como e porquê? No penúltimo capítulo de A 13ª Hora, obviamente.

Quarteto da Corda

Casino do Estoril, 4h30 da manhã, à porta da entrada secundária: Gostei, mas fiquei uma beca fodido. Então? Fartei-me de gritar: Quarteto da Corda, Quarteto da Corda e tu... Nada. Quarteto da Corda?.. Pois, não cantaste o Quarteto da Corda... Peraí... "Justina e Baltasar encontraram-se à beira do rio. Um estava sem calor e o outro... Mesmo cheio de Frio. Passou um cardume de lume que os engalfinhou... Justina e Baltasar encontraram-se à beira do rio..." É isto?.. É, é isso mesmo. Dá cá a palma da mão.

9.8.07

Wacky race




Está em curso uma corrida aos recursos naturais que se escondem por baixo do Ártico. Após a Rússia, é agora a vez do Canadá afirmar os seus "direitos" sobre o Pólo Norte. Mas não estão sós: americanos e dinamarqueses também querem fazer valer os seus "direitos" de "propriedade" de largas parcelas da calote polar. Tudo isto porque, tchantchan! a calote polar está a derreter rapidamente (aquecimento global e quê, provocado, sabem, porque se continua a queimar petróleo como o caraças) sendo que, por baixo do gelo que se derrete, tchantchan! se estima que existam toneladas e toneladas de... tchantchan! petróleo! Bom, isto é de doidos, só pode. É uma wacky race, é o que é. Mas, tenho uma dúvida: se neste história me parece evidente que Putin desempenha o papel de Dick Dastardly, quem desempenhará o de Muttley?..

8.8.07

Pensamento do dia



When you're dealing with a store like this, they're insured up the ass. They're not supposed to give you any resistance whatsoever. If you get a customer, or an employee, who thinks he's Charles Bronson, take the butt of your gun and smash their nose in. Everybody jumps. He falls down screaming, blood squirts out of his nose, nobody says fucking shit after that. You might get some bitch talk shit to you, but give her a look like you're gonna smash her in the face next, watch her shut the fuck up.

Mr White, in Reservoir Dogs.

7.8.07

A 13ª Hora - VIII

Uma puta morta numa banheira. Outra a apodrecer na bagageira de um jipe. Um homem deixado como morto ao sol, um cigano mau que se julga imortal e um menino do papá assustado a gatinhar como se fosse um lobo, ou um leopardo em fuga. Encontraram-se todos em Castelo de Bode e o sangue não foi a única coisa que perderam. O que mais perderam? Só o saberá ao ler o oitavo capítulo de: A 13ª Hora.

Pensamento do dia

Foda-se, é incrível o que um gajo faz e diz depois de uma garrafa de vinho, cinco cervejas, três morangoskas, dois gins e to top it all um whisky como night cap. Nem queria acreditar quando me contaram! Nunca mais, é que nunca mais!

6.8.07

Blogosphere Blues



Já há vários anos que ando a blogar, tenho dado ao assunto alguma ponderação ao longo de todo esse tempo e ainda não consegui encontrar uma resposta apropriada para a questão mais pertinente no que a esta matéria diz respeito: o que é blogar?

De certo modo, suponho que isso sucede porque blogar é uma das actividades mais criativas e ao mesmo tempo mais individuais, mais solitárias, que se possam levar a cabo na nossa época, neste admirável mundo novo em que o vizinho da porta em frente é um estranho e a moça do supermercado uma gaja qualquer que nos atende mal e porcamente e os amigos que temos só os vemos uma vez por semana e no emprego anda tudo à cata do mesmo, do tal do lugar ao sol que, supostamente, nos traz de bandeja a felicidade que não sabemos aproveitar.

Mas, o facto é que não é assim na blogoesfera ou nos outros sucedâneos que a Internet nos proporciona. Não, na net podemos ser criativos, dizer aquilo que não dizemos a mais ninguém, explorar o outro(s) e a nós próprios e, acima de tudo, sermos reconhecidos por aquilo que mais nos interessa: sermos reconhecidos enquanto indivíduos (não um tipo qualquer que acabou de fazer uma tradução merdosa pela qual ainda por cima lhe vou ter de pagar umas massas, o pulha).

E, depois disso, a blogosfera é o reino da liberdade e a liberdade é, por definição, o reino da criatividade. Mas, como sermos criativos, num mundo virado para si mesmo e para o imediato e individualista como o raio? Difícil.

Por isso, suponho, é que eu blogo sempre que posso. Acima de tudo, os blogues são meios de expressão da criatividade e numa época virada para o individualismo, expressar a criatividade é quase uma exigência básica da vida: é a criatividade que faz de nós especiais, é ela que nos distingue e, como referi, os blogues são meios privilegiados para a expressar.

Ser criativo, não ser apenas o Luís não sei das quantas que trabalha no banco há 20 anos e cuja cara já está enrugada, gasta, eis o que a Blogosfera nos permite fazer.

Até pessoas que só blogam uma vez por mês, até pessoas que apenas blogam para os seus amigos mais próximos, para os seus familiares ou apenas para si próprios; até pessoas cujas mentes não são, como dizer isto, criativas por aí além, todos os bloguers se envolvem numa actividade individual de imaginação criativa: os blogues necessitam de conteúdo e este não aparece das nuvens sem mais nem menos.

Blogar força o bloguer a pensar por si próprio de maneira a alcançar aceitação, e reconhecimento, por parte de si mesmo [atenção que é mesmo assim, qual não foi o bloguer que não ficou a olhar para o seu blogue e a pensar: isto está mesmo giro?] de outros [a audiência, que é o próximo passo] ou de ambos.

Há uma dimensão dupla no processo: o individualismo compete com a necessidade de pertença a uma comunidade de interesses, gostos, sentimentos partilhados, etc e etc.

Também por isso blogar pode tornar-se altamente viciante, o que pode acarretar impactos a vários níveis na vida dos indivíduos, alguns um pouco [ou muito] desagradáveis ou, bem pelo contrário, podem levar o bloguer até fronteiras que nunca julgou possível cruzar; podem, inclusive, mudar radicalmente a vida dos indivíduos, muitas vezes para melhor.

Também há uma outra consideração menor a ter em linha de conta, a de que esta história se pode tornar, bem, um pouco frustrante, especialmente quando o bloguer considera a sua actividade de modo tão ou tão pouco sério ao ponto de desejar uma audiência abrangente.

Seja como for, blogar e todos os outros sucedâneos que a Internet proporciona mudaram radicalmente a vida das pessoas e representam uma revolução, não só na forma como os indivíduos se expressam, mas também e [o que quase me mete medo a mim, um tipo que cresceu e se formou numa época em que nem sequer existiam telemóveis] se relacionam uns com os outros.

É de capital importância que percebamos o enorme significado da Comunicação Mediada na sociedade Ocidental. Tudo mudou com o advento da Internet e, mais ainda, com a possibilidade de expressão individual e de comunicação que ela traz na sua esteira. Onde é que, enquanto cidadãos e cidadãs, nos levará tudo isto?

Cada vez mais, a percentagem de tempo que passamos a comunicar se desenvolve em frente a um computador, tratando das nossas necessidades e desejos diários a partir de um teclado. Compras por um teclado. Impostos por um teclado. Amor por um teclado. Morte por um teclado?

Pode argumentar-se que a comunicação sempre foi mediada, de uma maneira ou de outra. Basta o exemplo da comunicação mediada pela Igreja e pelo Clero, um pouco por todo o mundo e em quase todos os períodos da existência, a comunicação que Igreja mediou entre o Homem e Deus.

No entanto, permanece o facto de que a Igreja ainda desempenha o papel de mediador [Russel estava enganado nesse aspecto] e agora até o pode fazer por intermédio da Internet! E as seitas e os atentados e os marados crescem, crescem, crescem.

Por outro lado, a net traz agarrada a si o relativismo total e absoluto. Até há palhaços que, single handed e com a ajuda de um PC ligado à rede, “provam” que o 11 de Setembro foi obra do Governo dos Estados Unidos!

Termos como sociedade on-line, comunidade on-line, vida-online [será possível acreditar nisto?!?] sexo on-line, tornam-se banais e a gente come e come e “came”.


Quando eu era rapaz, e isto talvez seja nostalgia, o meu avô costumava levar os netos todos ali para o Minho, para Caminha e para Moledo, para o seio da Natureza e dar-nos umas valentes tareias sobre a Sabedoria e sobre o Xadrez e ensinar-nos acerca dos prazeres da boa mesa, de ler jornais e de beber café em goles longos de malgas típicas e acerca da amizade genuína. Ensinou-nos acerca dos homens e das mulheres. Trouxe felicidade, conhecimento e o bichinho do raciocínio às nossas vidas ainda tão jovens.

Seja como for, ao longo da minha vida desenvolvi uma personalidade muito céptica e o meu avô já cá não está para me ensinar o resto do caminho. It’s a brand New World, that’s what it is, but is it good or is it bad or is it both? You tell me.

Foda à vaqueiro (porque é Verão)



A foda à vaqueiro é uma das melhores maneiras de se vingarem de gajas de que não gostem ou de que eventualmente até gostem, mas que vos tenham feito sofrer e que por isso mereçam um cadito do mesmo remédio e é também um autêntico must para qualquer fodilhão que se preze a si próprio e aos seus pergaminhos.


Na foda à vaqueiro convém deixar a gaja muito molhada e a ferver de desejo, façam-lhe um bom minete, lambam-na nos pontos sensíveis, beijem-na como deve ser, finjam que estão a fazer amor e digam-lhe que nunca encontraram uma mulher como ela - não necessariamente por esta ordem. Então, quando a tipa estiver no ponto, ponham-na de quatro patas, e, depois, gentilmente, coloquem-se por trás e façam deslizar o membro para o interior da cavidade anal.


À medida que ela vá gemendo, atenção, façam as coisas como deve ser, senão ela grita de dor e a brincadeira perde a graça, o vaqueiro deve, com uma mão, enrolar a crina da égua de modo a que esta fique completamente à sua mercê (este pormenor é de particular importância) e não possa sair debaixo nem à lei da bala.


Então, com total controlo sobre a sua montada, o vaqueiro acelera o ritmo à discrição e, quando está prestes a vir-se, inclina-se sobre ela, sussurando-lhe ao ouvido, amoroso, em êxtase, as seguintes palavrinhas: Tenho sida...


Quando ela começar a gritar e a espernear de horror, venham-se. Depois disso, soltem-na, afaguem-na e digam-lhe: Era mentira, amor, como é, vamos tomar um cafezinho?..


PS- Também há a "Foda à Vaqueira", mas essa, essa deixo ao critério da vossa imaginação...

Pensamento da tarde



Eu queria partilhar convosco o último álbum que comprei. Custou algum dinheiro e, pronto, achei giro partilhar convosco. Mas, aparentemente, não é possível. Copyright e mais não sei o quê. Big Brother is watching, lurking nas profundezas da blogoesfera e coiso, o pensamento é volátil, os webmasters estão atentos e partem-me os links. Ora, que se lixe, carpe diem, carpe diem, esse é que é o pensamento, não só da tarde, mas da vida!

5.8.07

Memórias de um emigrante



São seis e meia da manhã e já estou na estação à espera do comboio que me levará ao bules. Cai uma chuva miudinha e ainda é de noite. Sete e meia e já estou fardado, gravata vermelha, jaqueta negra e camisa branca, todo pimpolho, a fingir que gosto de trabalhar, que não há nada na vida que eu mais gostasse de fazer do que ajustar pratinhos, guardanapos e talheres, no imenso salão de refeições deste Hotel, que para já ainda está vazio.

Hoje, parece que vem cá um grupo de compatriotas e já sei que estou lixado: meia manhã perdida a sacar bicas a torto e a direito. Porque é que esses palhaços gostam tanto de café às mijinhas é algo que nunca saberei, só sei é que com isso me vão dar cabo da manhã e que estou lixado por isso mesmo.

O que me vale é que o meu sotaque mudou muito nos últimos meses e os porcos dificilmente se aperceberão de que sou português. Senão, estava tramado, até onde se arranjam putas, bifanas e amêijoas à bulhão pato me perguntariam.

Como a minha vida está, está-se bem, até posso queimar-lhes as bicas à vontade, que o palhaço do meu colega paquistanês é que acaba sempre por pagar o pato, o tadinho.

A vaca da Jane, a gerente escocesa, olha-me com desprezo, tudo porque nunca consigo desviar os olhos das suas pernas. E porque sou um reles empregado de mesa moreno e baixote, com o irritante hábito de citar Molière, em Francês, por dá cá aquela palha, e a quem ninguém, nem mesmo esta deliciosa putazinha, conseguiu jamais enrabar.

São muitos anos disto, Maria, anos demais. Trabalha-se bem e a doer aqui no Hotel. Sempre a dar-lhe forte e sempre de pé. Em cima dos sapatos para a frente e para trás até ser hora de fugir para a cigarrada da praxe, até depois voltar para a cozinha, outra vez, a sonhar com a merda do clima ameno da nossa terra e do cheiro das papas de sarrabulho da tua mãe e do terreno em Guimarães onde vamos construir o café.

É complicado fumar aqui. Os tipos de cá não gostam do fumo e em todo o Hotel só mesmo na porta dos fundos, por onde pessoal e entregas passam se pode esgalhar uma cigarrada sem problemas de maior, e, ao mesmo tempo, catrapiscar as gajas novas da limpeza.

São cá umas porcas, as gajas, se não metem pelo menos um motherfucker por frase, até fico admirado. Enfim, curiosidades desta working class que esqueceu a família Belamy e se rendeu às novelas dos primos americanos.

Caralho, o Reino Unido está perdido. De manhãzinha faz muito frio aqui e para fumar convém ter a porta aberta, não vá a porra do detector de incêndios entrar em delírio e começar a disparar, pois já me chega a merda da má sorte corrente que me dá esta puta de vida e estes cabrões destes empregos merdosos, Maria.

Está gelado, está um frio de rachar aqui, aqui está sempre gelado.

Mas, está-se bem - ao mesmo tempo, ao mesmo tempo, está-se bem. Tira dali, coloca mais a frente, faz-se um desvio um pouco a esquerda, “Yes sir, cofee or tea? Would you like some toast? Certainly sir, in a moment”, entra-se pela cozinha, máquina de café a postos, os pratos sujos atirados judiciosamente de propósito para espirrarem na farda imaculada do imbecil do colega paquistanês, torradeira no canto do olho, ouvido atento à piada brejeira do subalterno dos ovos estrelados, o coitado do Tommy e toca a andar que o tipo da mesa gosta pouco de esperar pelo seu chá... Aliás, quem é que gosta de esperar pelo seu chá? Essa agora...


Nisto, são duas da tarde e só falta mais uma horita para dar de frosques, a dor nas pernas é insustentável, os intestinos apertam, mas não há nada a fazer; é preciso lutar, lutar sempre: as libras não caem do céu e sem elas não há vida depois da Inglaterra. O paquistanês que o diga.

"Could you clean the cutlery, Mr Wolf?" Sim, podia, minha doce vaca, mas preferia limpar-te os talheres antes a ti, sua boazona... "Sorry Mr Wolf?" Nothing Jane, of course i’ll clean the cutlery, i’ll do it straight away. "Thank you Wolfie, if you keep up the good work, who knows, in a couple of years you might even apply for head-waiter.” Isso, isso, filha, “in a couple of years” já fui com os porcos e o teu sarcasmo não me comoverá; mas essas mamas deliciosas desde sempre me comoveram e sempre me comoverão, chuif, chuif…

E vá de enfiar a merda dos talheres no frasco do vinagre morno e enxugá-los, um por um, são pelos menos mil, a mielas com o Paki, de forma a que não fiquem com as marcas foleiras da água da máquina de lavar, este trabalho é o maior frete de todos, mas faço-o sempre com rigor e profissionalismo. Ele também. Coitado do Paki!

Afinal, esta merda é ou não é um Hotel de cinco estrelas? Sim, porque, foda-se, temos brilho nas merdas que fazemos, eu sou um bom profissional, ele também e gostamos de o ser e se o não fossemos há muito estes paneleiros nos teriam posto com dono. Aí, então, é que estava o caldo entornado. Nem libras, nem Maria, nem negócio quando voltar a Portugal.

Mas, porra, como me doem as pernas. O Paki também está cansado, e apesar da religião acaba por ser bom tipo. Traz sempre um sorriso doce e generoso. E depois de todas as merdas que lhe faço, tem sempre para mim um gesto atencioso e quando me finjo de teso nunca me nega uma nota de dez.

Estou cansado, Maria, muito cansado.

O que nos vale é que nos deixam cagar pelo menos uma vez por dia e sempre que vou à sanita aproveito para descansar e gozar com a malta. Apercebi-me há dias que o otário do chefe da cozinha, Mike ou não sei o quê, um latagão burro que nem uma porta de chumbo, que tem uma mulher podre de boa e que por isso se julga erradamente corno, costuma ir arrear o calhau sempre por volta das duas e meia.

Cínico e cruel como sou aproveito, vou um bocadinho antes dele e entretenho-me a rabiscar na porta da cagadeira mensagens jocosas destinadas a impedir que ele usufrua em paz do seu momento solitário. Estou particularmente orgulhoso da que lhe deixei hoje: “While you’re here, your wife is sucking cock…”

O Paki ri-se de tudo isso e diz-me num tom estudado e subtilmente irónico: “you portuguese are all mad, the Prophet will take good care of you all in the after life; and your wife will fuck you personally in the present one, my dear Wolfie”. I hope she does, you islamic motherfucker, I hope she does, u arsehole, é o que lhe respondo e acabamos os dois a rir do Tommy, que lá vai continuando a fritar ovos estrelados sem perceber nada de nada!

Três e meia da tarde. É quase noite outra vez lá fora. Que se fodam os talheres e vão todos comer na peida, seus filhos da puta, que tenho mais o que fazer; tenho de me ir embora, isto não é vida, dói-me o corpo todo, não tenho paga decente e ainda me gozam. Não, não fico nem mais um minuto.

São três e meia e tenho mais o que fazer: “bye bye Jane, got to go. Bye bye Ahmed, you silly Paki idiotic religious mother, see you tomorrow”. E arranco para a rua.

Passo ao quiosque por baixo do túnel que tem revistas de gajas nuas, todas boas, todas inglesas e apanho o autocarro que me leva ao city centre para o segundo turno do bules, o segundo turno que vou fazer ali no bar.

Merda, se continuo com dois empregos dou cabo da saúde, penso eu, enquanto passo os olhos pelas Mcnotícias do jornal gratuito. Se me aleijo a trabalhar, aí sim, não haverá libras que me valham. Se não fosse a promessa de nos casarmos quando voltar e abrir o café e de termos filhos e enfim uma família, não sei Maria, não sei.

Entro a bulir pela tardinha, seis da tarde a bater, no caminho passo primeiro ao Gallery, só pró whiskinho ligeiro e para sondar o ambiente da evening. Sim, porque o Gallery é sempre um bom barómetro da noite. Quando o Gallery está cheio, é porque estou fodido.

Mas isso são detalhes. O Gallery é a primeira paragem no caminho para o bules. Ando muito nervoso nos últimos tempos e para ganhar confiança bato-me logo em seguida ao Bay Horse, onde o whisky é mais barato. Sítio fodido, só dá mangueira no Bay Horse e saio de lá claustrofóbico, a olhar o relógio e já a estugar o passo.

Última paragem, o Loop. Lindo nome, não sei como se traduz loop, mas a mim sempre me deu a ideia de salto em frente, vigoroso, quase atrevido, confiante e bem disposto. O Loop é um bar como o que gostava de abrir contigo em Portugal, ou nem por isso, por estas horas já me estou bem nas tintas e vejo tudo cor de rosa. É só aventura da boa em Glasgow!

Seja como for, não tenho tempo, o bules espera por mim e ainda estou nervoso e tenho de ir acalmar ao Loop, senão fode-se tudo e não convém mesmo nada, não te posso desapontar, jurei que não nunca mais o voltaria a fazer.

Deixa-me que te fale do Loop. De certo modo, o Loop é classe, outra onda, mais business e menos povo, malta de escritório high-tech, mulheres bonitas pintadas de fresco, executivos de fato armani e gravata de seda, empregados de mesa limpos e... Imaculadamente latinos...

Jack Daniels e toca a andar, agora já nem disfarço e vou mesmo a correr. A tasca aonde vou buscar em cinco horas mais dinheiro do que em três dias de Lisboa é grande; um espaço amplo, com muitas mesas de madeira, mesas de bilhar, (caralho, os empregados nem se podem aproximar) duas pistas de dança e três bares propriamente ditos. A minha função? Simples: apanhar copos e depositá-los no bar principal, na área de serviço.

Fácil? Nem por isso. Na hora de ponta são mais de mil indivíduos, pelo menos 600 bêbados, 700 muito bem dispostos e 999 que se estão a cagar para ti e para o meu trabalho. Chego ao fim e deito um cheiro esquisito; metade destilaria, um quarto cavalo e um quarto homem-raiva-desespero, Maria.

O giro é o ambiente, todos os empregados estão com os copos e eu sou talvez dos que menos bebem. Ainda assim, pela surra um gajo apanha tosgas de virar o catramundo e aterrar na Lua; bem se vê, só mesmo a gozar é que se leva com um emprego destes.

E as gajas, olha, as gajas passam-se a valer com os homens do bules, oh se passam... O pior é que ao fim dum tempo um homem nem sequer as vê – só vê copos, garrafas, copos altos, garrafas de litro, copos de pint, garrafas de champanhe, copos de cocktail, copos fáceis, copos difíceis, colegas que se piram, colegas que te berram aos ouvidos, colegas que te passam vodkas duplos para as mãos, colegas que desmaiam e caem para o lado... E copos e mais copos e copos...

Fodido mesmo nem sequer é isso; fodido mesmo é quase a acabar, pegar em bancos que pesam 30 quilos cada e vá de os arrastar e atirar dum lado para outro sem objectivo aparente que não seja dar cabo do caparro. No fim, então, vem a tarefa simpática: varrer tudo, meticulosamente, irrepreensivelmente, antes de me enfiar num taxi para ir dormir sozinho às três horas da manhã.

Maria, se não fosses tu, Maria, não sei, não sei.


Politicamente estúpido



Uma "jornalista" portuguesa foi, em LISBOA, capital de um país EUROPEU, entrevistar o embaixador do Irão. Foi vestida assim, de véu e fatiota e luvas pretas. Só não levou o hijab, penso eu, porque de cara tapada talvez o entrevistado tivesse dificuldade em entender as perguntas. Ninguém a obrigou, a Márcia Rodrigues foi assim porque quis. É que a Márcia é uma "jornalista" correcta, muito politicamente correcta. Por isso, aqui fica o desafio: Ó Márcia, para quando uma entrevista a uma estrela do Cinema Porn?..

4.8.07

É sábado!



É sábado e são quase 10 da noite! Let's party!!!

3.8.07

Da blogoesfera, da filosofia e do Dedo no cu entre outras políticas



Há para aí uma moda mais ou menos recente que é a dos blogues que falam de sexo, sexo e sexo e sexo. Acho óptimo, um assunto que foi tabu durante tanto tempo nesta merda deste país deve ser exposto e estudado e partilhado o mais possível.

E no entanto…

A verdade é que, em muitos casos, o tabu, o preconceito e os medos continuam latentes, até e sobretudo nesses ditos blogues, que se querem fazer passar por liberais e esclarecidos, não o sendo minimamente. Sobretudo, quando são blogues escritos por gajos.

Aliás, nesse particular, mil vezes os blogues sobre o sexo escritos pelas mulheres... Não é à toa que assim reflicto: as mulheres foram, durante milhares de anos, espezinhadas pelos homens em todas as áreas e, muito naturalmente, fizeram das artes da cama a sua principal arma e estratégia de defesa. Ora, assim é perfeitamente natural que, em relação ao sexo, estejam milhares de anos-luz à frente do entendimento que os homens fazem da matéria.

Já os homens, mesmo quando querem dar uma de liberais, de metrossexuais, de tipos de mente sã e aberta, não conseguem escapar aos condicionalismos da espécie. Muitas vezes, os homens utilizam esses blogues como plataforma de engate ou para se vangloriarem da excelência das suas performances (o que, não sendo importante por aí além, não deixa de ser significativo…).

Mas, na verdade, isso nem sequer é um problema de relevo, de relevo mesmo é quando se trata de abordar formas e métodos, assim, vá, pronto… Um cadinho mais alternativos, quando se trata de se darem umas fodas valentes, como quando um gajo é comido por uma gaja com um strap-on, ou a versão soft da mesma coisa, que é a tipa lhe ir fodendo o cuzinho com o dedinho, enquanto o vai levando ao paraíso com uma valente mamada.


Já não é a primeira nem a segunda vez que tenho vindo a reparar que, no que toca a esses delicados assuntos, os so called sexy vanguard portuguese bloggers, muito metrossexuais, mas ao mesmo tempo muito lusitanos, como dizê-lo, a modos que… retraem-se.

E, se falam no assunto, regra geral, é para dizer que não, que isso é coisa de panasca e que eles são muito homens, muito machos, (não são panascas!) com muito cabelo no peito e com a unha do mindinho muito bem afiada.

De certo modo, fazem-me lembrar o meu avô, que Deus o tenha e que para a sua época até que era um tipo com as ideias avançadas. Entre outras, o meu avô era um firme opositor do racismo que então se praticava nas ex-colónias. O meu avó achava o racismo então vigente no nosso país e filosofado até exaustão nas ex-colónias e considerado pelas elites dirigentes como a coisa mais natural do mundo, uma verdadeira abominação.

E no entanto…

O meu avô estava a sempre a dizer: “Eu não sou racista, mas o cheiro dos pretos… As suas comidas… Eu não sou racista, mas o barulho que eles fazem… aquelas roupas esquisitas… os cheiros dos gajos… Aqueles dentes muita brancos e patibulares… Eu não sou racista.”

Meus amigos (e amigas) andar-se para aí a alardear que não se tem nada contra os pretos ou que não se tem nada contra os paneleiros são coisas extremamente similares. Afinal, de que é que os amigos têm medo?.. De pretos, ou de pretos panascas? Hã?

Bom, vamos lá a ver: eu não sou panasca, mas se fosse, e depois, qual é que era o problema? Alguma coisa contra os paneleiros? Só sei que não sou panasca porque nunca me senti atraído fisicamente por homens e nada mais do que isso.

Nunca me aconteceu.

Se algum dia me vier a acontecer, se algum dia vier a sentir atracção por um gajo e se esta for mútua e houver o tal do “click”, olha, paciência, lá terei de ir para a cama com o alvo das minhas afeições e verificar in loco se gosto ou não. (Que querem, sou um firme adepto do método científico e este, como sabem, passa pela validação das hipóteses por intermédio da experiência).

Agora, o que eu gosto mesmo, na cama, a sério e regra geral com uma mulher que ame e que me ame a mim, porque às outras só as como eu e ponto final, é de foder à grande e de à grande ser fodido.

Assim mesmo, só não experimentei strap-ons até hoje porque me parece um cadito doloroso e quem tem cu tem medo, não é verdade? Porque é que sou assim?..

Porque é bom e sabe bem e porque, do meu ponto de vista, a igualdade entre os sexos é um Valor cada vez mais na ordem do dia e pelo qual vale a pena lutar.

Passar muito bem, beijinhos e queijos a todos e… Boas experiências ;-)


Wanna play some chess?..



“I love all positions. Give me a difficult positional game, I will play it. Give me a bad position, I will defend it. Openings, endgames, complicated positions, dull draws, I love them and I will do my very best.”


Jan Hein Donner

2.8.07

If you gona do it...



Do it right and don't waste my time. The same is to say, não tenho tempo a perder, porque sou um gajo importante e um tipo com mil e uma obrigações, cheio de tesão and not getting any, mas enfim, não tenho tempo a perder. Possuo nas mãos 747 páginas a retroverter - para o alemão- Ich spreche Deutsches, ein wenig, ein klein bibchen (cortesia da minha prof. boazona que tanto me fez aprender, ai que saudades e que pena ela não "curtir" de Alfred Rosenberg e do seu Mito do Século XX).

É assim a vida e ainda nem sequer é noite. Porra, a empregada resolveu que são horas de limpar a casa. Mas porque diabo veio de mini-saia? Não interessa, já trato disso, de momento quero falar contigo. Sabes, a noite é amiga dos gatos, porque à noite todos eles são pardos e depois ainda há aquele filme chamado gata em telhado de zinco quente... Ai que me está tanto a apetecer ir para a cama com uma gata que conheço... Deitá-la, beijá-la, fazer dela mulher... Ai... Miau...


Uma porra pá, um autêntico desastre esta vida de trabalho, as línguas e o caraças, pá, já viste bem a chatice que não é estar sempre a traduzir o que dizem as pessoas, pá? Ora pensa lá... Estás a ver um documentário de duas ou três horas, porque és uma pessoa culta que vê documentários, é óbvio caso contrário nunca falava contigo e mais não te basta a experiência da vida real, não senhor, és uma pessoa culta que visiona documentários e, sem mais, topas um erro nas legendas.


Já viste a porra que é? Uma autêntica merda, pá! Pois, pá! Um gajo esfola-se todo a trabalhar e tu ligas para a estação a dizer que há um erro no caralho do documentário traduzido a 5 euros ao minuto? Olha, foda-se, fica bem, pá, fica bem e vai ali ouvir um som que eu tenho roger rabbitices a fazer e não te posso aturar mais, nem em cantonês, nem quanto mais em alemão.



PS- Ok, vou só dar um mergulho e já regresso à tradução, pronto, calma, foi só um desabafo, tu sabes que só tenho olhos para ti e para as tuas traduções...


Pensamento do dia


You will notice that what we are aiming at when we fall in love is a very strange paradox. The paradox consists of the fact that, when we fall in love, we are seeking to re-find all or some of the people to whom we were attached as children. On the other hand, we ask our beloved to correct all of the wrongs that these early parents or siblings inflicted upon us. So that love contains in it the contradiction: The attempt to return to the past and the attempt to undo the past.

Professor Levy, in Crimes and Misdemeanors

150 euros ou a alma



Segui o conselho da minha prima e fui sair, arejar as ideias e tal. Ver pessoas, mulheres de carne e osso, vida a 100 por cento, mas acabei por me sentar com um single malt a uma mesa de jogo. Porque é que estas merdas me acontecem não sei, ou bem que é fado, ou bem que é destino ou será a minha tusa que está sempre à Flor da pele.

Seja como for, como de costume, fiz-me de parvo [não é nada comigo, não é nada comigo, eu não sei jogar, eu sou um principiante, como é que se pega no taco e quais são as bolas coloridas e tal, é um jogo giro mas não sei jogá-lo..].

Claro, os tipos estavam a jogar forte e a mim convinha-me. Deixei correr o marfim e fui bebendo o meu single malt. Às tantas, convidaram-me para entrar. E eu, estúpido como sou, não me fiz rogado. Quer dizer, bem que os avisei de que não sabia jogar, mas eles insistiram e insistiram e eu tive mesmo de lhes mostrar como se limpa o cu a meninos.

A primeira aposta custou-me 10 euros. Fiz de propósito e fingi que queria pagar e ir-me embora mas eles não me deixaram. Queriam esfolar o pato, só que o pato estava cheio de artimanhas e com uma vontade imensa de se vingar da puta da sorte que só o favorece nos momentos errados, que não contigo, meu amor.

Ganhei a segunda partida e recolhi a massa. Estava 40 euros à frente e os tipos queriam a desforra. Ainda a fingir de tolo dei comigo a dizer que só jogava se fosse o dobro do papel e dois dos tipos aceitaram. A bola partiu. Meti sete de uma só vezada e fez-se um silêncio fúnebre.

Um dos tipos, com sentido de humor, perguntou-me se não tinha escondido uma vaca debaixo da mesa. Sorri e disse-lhe: Amigo, sorte ao jogo, azar ao amor… O gajo retribuiu o sorriso, pagou e disse que queria testar a minha sorte uma última vez.

Essa partida valia a guita toda e 50 euros extra. Comecei a pensar que me dava muito jeito o papel em cima do pano verde e enquanto aguardava que as bolas seguissem o seu curso e se aprofundassem nos buracos da sorte ou do azar, a verdade é que não há nada em que me meta que não resulte, dizia eu, esperava embevecido contemplando o generoso top da miúda que se aproximara pelo cheiro da grana, só olhos azuis e mamas grandes, quando o tipo mete três de seguida e abre a bocarra, soltando um suspiro de alívio…


Fiquei fodido.

O gajo não era mau, não senhor. Tinha de aplicar-me para o vencer, o pulha. Para começar, meti duas e defendi. Ele defendeu, mal, e eu meti mais duas. A guita estava toda em cima do pano e a menina das mamas parecia uma barata tonta a espreitar o assunto dos homens. O gajo suava e falhou a terceira tacada. Eu, frio como o diabo, matei o jogo logo ali.

Quando a preta entrou, às três tabelas, a casa quase que vinha abaixo. Tá limpo, pensei, Tá limpo e estou 150 euros mais rico, é o que é e é a vida, vão pró caralho que já tenho a minha primeira propina paga.

Só que, ao recolher a guita, no silêncio sepulcral que se seguiu, reparei nele.

Não teria mais do que cinco anos e estava triste. Era o filho do gajo a quem tinha dado a tareia e que se aproximara da mesa sem que nele tivesse reparado. Era bonito, o puto. Estava triste e olhava o pai com um jeito que me comoveu.

O tipo virou-se para o filho e gritou: Baza, sai daqui!

Fiquei ultra-fodido, peguei na massa toda, cheguei ao pé do puto e disse-lhe: toma, é para ti, o teu pai gosta de ti e é é um homem valente, dá o dinheiro ao teu pai que ele saberá tomar conta dele e de ti.

O miúdo olhou para mim, de uma maneira estranha e arrecadou a massa. O pai engoliu em seco, afagou o cabelo do miúdo, cabelo forte, castanho e bonito e saíram os dois porta fora.

Eu, feito parvo, paguei o meu single malt à menina das mamas grandes que de súbito parecia desprezar-me e jurei a mim próprio que nunca mais voltaria a jogar bilhar com dinheiro em cima do pano.

1.8.07

É Verão!



É Verão e são 10 da noite! Let's party!!!!

Click, or sex me to death


I walked inside the pub feeling lame, sad and lonely. The first thing I spotted was the Gal. She was blond and had white teeth and I knew her ‘cause she worked the till in my dad’s local grocers.

She was fine.

I was drunk and sad and pretty absent, you see, my wife of choice had just turned me down (again). My wife of choice is beautiful and she always knows her way around me, she is always ready to deprive me of what I most need: her tight pussy.

She said, my wife of choice, and I quote: I like you my husband, and I’m attracted to you, and there’s this thing called empathy [funny word, I wonder what it means, for the sake of it I like to think it rhymes with irony] but there’s no click about us, my husband, no click.

There’s no click, so she said and I felt like William Tell when the emperor commanded him: shoot the apple or your son will die! That was how I felt.

And so, absent, dull minded, lame and sorrow, I just left. I was too fucked up to stay.

I remember thinking to myself: you don’t deserve me, wife of my choice, who the fuck do you think you are? But then, I forgot all about her, had a hair cut in friend’s house, shaved, put on a Robin Hood mask, almost cut myself in the proceedings, and just drove away.

I drove my old and shameful car hard to the limit and fast for some hundred clicks [or should I call them miles?] and then I stopped in a place, a town, a village, I can’t remember, I know it had a pub I’d never seen before and it was near my dad’s home.

I walked inside, ordered a martini with a lemon twist, sat by the bar, talked to the guys, (what a ugly lot they were) discussed local ugly politics, and when I got their respect I politely asked for women.

The bartender replied: You looking for some action?.. There was silence and excitement and testosterone in the air. You could fuckin’ smell it. No, I said, I’m just looking for some ordinary gals, you know, nice young women, just that.

The bartender nodded for effect, while the other geezers, all of them were married, shot murderous eyes at me. They were prisoners and for the first time it felt fine to be free.

The bartender had seen a lot in his days, was a nice guy and knew about the mundane affairs of the world. That out of the way, he strolled his eyes as if saying: the man’s cool, the man’s ok, after which is instructions were clear and precise. Nobody bothered me, and one of the guys even offered to buy me a bear. Instead, I gave the bartender is money and with an address in my pocket promptly left.


As the bartender had told me, and as I would have guessed in the first place, had I been not eager enough to drink as I’d done, there was a girl’s bar near by and, besides, I knew it was near by my dad’s home, of which I had the key, quietly resting in the car’s hidden “glove” compartment.

As I parked, and although everything was nice and easy, including the booze parking, including the horribly twisted driving, somewhat I knew I was fucked. I was in love. I remembered. In love, no way I could let go of that.

Ah… Love. Love always fucks one’s mind. Believe it or not, falling in love does not change with age, it just kind of… Well it kind of… “refines”, until one beautiful morning you’re dead, end of story, end of love, end of life - end of words.

Nonetheless I had a problem and I just love them. When I can’t solve them I go about them like Alexander the Great and the gordian knot [if you don't know what that is check Google and y'll soon find out] and: it was Summer, it was Friday night and I couldn’t care less.

I wanted to have fun, I had money, was in that ecstatic frame of mind when one is boozed but simultaneously sober, driving a fast car running full of petrol and without commitments when day light next morning came, and all things considered - I thought to myself while driving in a steady sober pace - Fuck her, I said to myself, fuck her, fuck the wife of my choice, I’m gona have fun, I said.

All of a sudden I was there. The place was glittering, shining, and just in case, just for luck, the moon was bright full. I parked and there was noise, at first. Then the noise turned into music, and then music turned into soul music and then I saw the Gal.

There I was, the middle of nowhere, sad, lonely and lame, but fine nonetheless.

There was music and it cheered me up. And as I was walking inside the first thing I saw was the gal who worked the till in the grocers just a click from my dad's home.

She knew me, and we’d both always been hot about each other, although it had never crossed my mind to give her a proper really cool shag (well it had, but the occasion had never arisen).

She saw me as if she had never seen me before. Cold and icy, she was wearing make up and armour made of a pink linen short tight dress.

Hell, she’s so god dam beautiful, I thought to myself. What a beautiful set of breasts she has… And those red lips, and those blue eyes and that golden hair. Fuck! What a dream she was. Again I ordered a martin, but right there and then I decided she was gona be mine.

She’s hot, she’s extremely hot, I recall reflecting to myself as I zipped the martini, she’s hot I almost spoke it aloud. And then… Click.

I went over to her and asked if she’d like a drink. She said yes. We drank and danced all night long and in the end, [or was it the beginning] I took her to my dad’s shack and… Well you all know the rest. It was click, and click and more clicking all fucking night long. In truth, I’m writing these words in agony, for the first time in my life I feel real fear: I think this Gal is probably gona sex me to death.

Pensamento do dia


"Most people wouldn't know good music if it came up and bit them in the ass."

Frank Zappa


Hate on a wednesday morning


I write in hate and hate fills what I write
I write as if shaving words with the sharpest of blades
And letters bleed and thoughts cut like chains of slaves
for what I write, what I write
Is sharp and lame as only hate itself can be.

All matters resume to a maddening polarity
There is no brightness in dark words
There is no darkness too. Nothing but Hate.
Inflamed hate until havoc and oblivion become fate.

Flowers are to be crushed love despised friendship scorned.
Life? Life is to be trapped in a coffin, suffocated
In existence, overwhelmed by the meaninglessness
Of all things that are, were, will be and are not.

My quest? To be content with this dead life of mine
I Hate myself and all of the rest.
I hate what made what I am,
I hate both god and the devil,
my Hate knows not any boundaries!

I’m the most hateful man there ever was.

What I touch turns putrid.
My breath is foul and pestilent
Give me a nuclear button and I’ll crush thee like insects;
With a smile I tell you I crave for the end of Mankind.

And yet…There are tears in my eyes
They carve red scars in my face and all hate is gone.
And I slice my wrists and think only of green pastures
And peace... Yes peace... Peace finally overcomes.