Escreve poesia, escreve-a como quem sente o frio na rua e como quem na estrada escura lapida a inocência qual lixo do homem que apara rente a rima, como quem te aguça no vidro a unha com uma lima feita do cio duma cadela de plástico ou duma morcela de paio bombástico e escreve-a como quem sai para a lua em busca duma puta ou duma sida, para a lua da rua se é que queres escrever poesia ou não - na volta és apenas dos que preferem escrever sobre Maio ou dos gregos Laio ou sobre o 25 de Abril (ou sobre a luz, oh, que belo!) ou sobre nuvens no céu mil ou sobre a puta que te pariu e eu não te leio já e nunca te esquecerei até porque de ti nada sei e esta é a primeira vez que te vejo a varrer o chão, num trecho de texto em que dizes de ti, de mim, de nós e do acaso e das vielas em que as cascas de banana nos escorregam como se fossem só sumo de limão.
É sempre a mesma história, a vida e a memória, a docura a cores e a distância a negro e a lonjura cinzenta, a manga do casaco castanho de cabedal dum cão que lhe deu para a raiva de morderdura e o beijo duma fêmea de abrigo de que não se fala de amargura ou na volta era só a ternura e o desejo que tinha de estar ao pé de ti, ela e só contigo, tivesses tido mais tino e sentido, fosses mais forte no que foi lido, mais sabedoria na sarabanda que é a tua vida.
O poeta saiu de casa, não lhe saiu ao poker na vaza - que aguardava, impaciente - comprou cerveja numa tasca, fumou tabaco numa banca e da madeira seca do fumo saltou uma pequena lasca, estava gelado e à rasca, o poeta, era Dezembro de 2008 e o seu membro frio, curto, pequenote, dava para todos os outros, para as moscas e para os doutos, dava-lhes o mote da lembrança e de outros tempos abonava-lhes a bonança.
É sempre a mesma história, a vida e a memória, a docura a cores e a distância a negro e a lonjura cinzenta, a manga do casaco castanho de cabedal dum cão que lhe deu para a raiva de morderdura e o beijo duma fêmea de abrigo de que não se fala de amargura ou na volta era só a ternura e o desejo que tinha de estar ao pé de ti, ela e só contigo, tivesses tido mais tino e sentido, fosses mais forte no que foi lido, mais sabedoria na sarabanda que é a tua vida.
O poeta saiu de casa, não lhe saiu ao poker na vaza - que aguardava, impaciente - comprou cerveja numa tasca, fumou tabaco numa banca e da madeira seca do fumo saltou uma pequena lasca, estava gelado e à rasca, o poeta, era Dezembro de 2008 e o seu membro frio, curto, pequenote, dava para todos os outros, para as moscas e para os doutos, dava-lhes o mote da lembrança e de outros tempos abonava-lhes a bonança.
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