27.12.08

Da manhãzinha

É assim mesmo!
Não escrevas da luz, nem do belo,
nem do Laio, nem do cravo.
Que enfadonho essas almas
que cagam perfeição em noite de lua cheia!
Que maçada esses espíritos Platões
que nem precisam de limpar o cu
tão perfeita é a merda que fazem!
Não escrevas sequer das trevas, da dor e do feio,
nem mesmo da puta morta na viela.

Senta-te comigo e verte o sangue da ponta da pena
e escreve sobre o espírito,
não do espírito à Platão, mas o mortal e o corrupto,
o que se partilha na sombra do olhar
à beira de um cinzeiro cheio e de um copo vazio.
Escreve, homem!,
versifica, prosifica,
rasga o protocolo, morde a bala,
compra o bilhete e vai na gazua até ao fim
e arrisca!

…o que se chama, assim mesmo, arriscar!