6.7.08

Defender a dama

Cheira-me - para estas coisas tenho um nariz extremamente apurado - que muito em breve terei de defender a minha dama. Não auguro nada de bom. Mesmo que, no fim de tudo, a dama passe incólume, os estragos causados à sua imagem, bem, cheira-me, vão obrigar-me a novos e supremos esforços - quiçá em outros tabuleiros, em outras batalhas.

De moto próprio, embarquei no presente desafio. Não tenho ninguém a quem possa atribuir culpas que não a mim mesmo. Se a dama ficar ferida de morte, a culpa é minha e só minha. Mesmo assim, sinto um travo amargo na boca, uma sensação de que de algum modo fui tramado por circunstâncias alheias à minha vontade e - acima de tudo - à minha competência.

De moto próprio dei o corpo ao manifesto e talvez seja só por estar exausto que escrevo esta prosa deslavada de esperança e de saber. De moto próprio embarquei neste navio.

De moto próprio digo a mim mesmo, agora, quando só vejo escolhos e rochedos nesta jornada, que ela chegará ao fim - meta o barco água ou não.

De moto próprio - de livre iniciativa e sem ter sido coagido - digo que a rainha até se pode molhar mas que uma coisa é certa e sê-lo-á sempre, enquanto este vosso escriba for vivo: a dama não naufragará e os seus dias de glória apenas começaram. Caralho!