
Com o tempo a Isabel passou a fazer parte do quotidiano. Como os pneus furados da bicla do Tosh. E a música do irmão dele. Como o São João e as fogueiras e as corridas pela terra do Pão que hoje é um deserto de caixotes de betão e ferro. Dávamos longos passeios de bicicleta, saindo da quinta dos meus velhos, via volta da pedra, pinhal novo, até Setúbal e de volta a Palmela pela estrada da cobra, chegar à praça central e derrapar a fingir que era para os velhos com a perna na gravilha rasgar a carne, mesmo que a bicla fosse com os porcos, só para a impressionar, era só ela, não gemer quando os amigos chegavam ou se os velhos se levantavam, arrancar de novo e ir para casa dormir e sonhar com ela. Até hoje, juro, nunca mais consegui controlar os meus sonhos como os controlava nessa época.
|