9.2.09

Ana Drago

Um dia destes, vou armar-me em Rolão Preto, bater-lhe um coro bem batido, falar-lhe da utopia do social nacionalismo, do amor fraterno entre os povos e da amizade entre homem e mulher, bem como de outras coisas que tais, leituras de Marx, Rosenberg e Luxemburgo. Vou ensinar-lhe a erguer o braço, a esticar os dedos e, porque não também, a desenhar no ar o V da Liberdade; vou afeiçoar-me aos seus gestos, vou fazê-la afeiçoar-se aos meus e vou levá-la para a cama, como se fosse naturalmente só a consumação que sempre aguardou dos seus mais puros sonhos ideológicos.

Obviamente, não vai ser hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã. Não quero que julgue que sou tarado. Não a quero assustar, pois, nem a quero intimidada, como às vezes a observo no hemiciclo (coisas de quem visita uma casa de meninas na avenida D. Carlos), não, quero-a tal como é, de griffe e com a sua pseudo rebeldia pequeno-aburguesada. Quero papá-la assim, todinha, por inteiro, tal e qual é, petite and skinny e, sem desfazer, talvez tomá-la nos braços e ensinar-lhe uma coisa ou duas acerca do amor.