9.3.08

Histórias da Linguística (I)

George J. Adler (1821-1868) foi um reconhecido filólogo e linguista. De origem alemã e chegado aos Estados Unidos em 1833, Adler viria a formar-se na Universidade de Nova Iorque, sendo-lhe conferido o título académico valedictorian, o aluno com as notas mais elevadas. Foi responsável pela compilação do Dictionary of German and English Languages, cuja publicação granjeou Adler com a reputação de um dos maiores linguistas do seu tempo. Uns anos mais tarde, terminou o seu último trabalho e, também, um dos mais importantes: A Practical Grammar of the Latin Language. Embora esquecida após a publicação, a obra de Adler tornou-se uma das fontes principais para o estudo de latim falado no século XXI.

George Adler foi diagnosticado como louco, a razão sendo a tensão resultante de todo o processo de elaboração e publicação do Dicionário. Em 1853, foi internado no asilo de Bloomingdale, onde esceveu Letters of a Lunatic, um pequeno texto sobre a sua vida universitária durante os anos de 1853-54, e, mesmo depois de sair, continuou como paciente em regime semi-permanente, até à morte, em 1868. No decurso da sua vida, travou amizado com Melville, julgando-se que este baseia em Adler o personagem Bartleby, do conto Bartleby The Scrivener: A Story of Wall Street. Melville seria um dos poucos amigos de Adler presentes no funeral deste.

Sobre Alder, Melville escreveu: «é cheio de metafísicas alemãs e discursos de Kant, Swedenbourg, etc. O autor de um léxico formidável (Alemão e Inglês), na compilação do qual quase destruiu a saúde. Era quase louco, dizia-me, durante uma altura.» (…) «reconhece as Escrituras como divinas, porém, mantém-se livre para inquirir a natureza. Não aceita que a Bíblia seja absolutamente infalível e que tudo o que existe na Ciência que se lhe oponha esteja errado. Acredita que existem coisas fora de Deus e independentes Dele – coisas que teriam existido, mesmo que Deus não existisse – tal como dois mais dois serem quatro; pois tal não acontece porque Deus assim o decretou matematicamente, mas porque na natureza das coisas é esse o facto.»