24.1.08

Que saudades de bater

Isto acontecia muitas vezes sempre que me drogava. Esquecia-me de que estava ao volante e adormecia e depois, depois - passe a rima e a cacofonia - batia, chocava, vá, ia de encontro a. Então, passei a ter outro tipo de vida e deixou de acontecer. É uma chatice. Era tão bom mandar pelo menos um carro por semana para a sucata... Tão bom ver as feições estupidamente alteradas do meu chefe, quando, com a pronúncia mais neutra, mais impecavelmente neutra que se possa descrever, tinha o prazer de lhe comunicar: «André, tenho más notícias: houve um tipo que me abalroou o carro da empresa...» Ah, que saudades da visão das veias que se lhe inchavam no pescoço, da voz que se lhe embargava na garganta, dos dedos que ele conseguia quase evitar que lhe tremessem, um segundo antes de, em virtude de não me poder despedir (que querem, o filhinho do papá não se despede assim sem mais nem menos), me responder, quase calmo, quase refeito de mais uma despesa de milhares, quase como se fosse um filósofo estoico na presença da erupção do Vesúvio, que «não faz mal Luís, não há problema», sabendo eu e o gajo que havia mais do que problemas envolvidos na minha acidental circunstância... Ah... Que saudades de ir aos cornos do ex-gerente da Smith & Nephew em terras lusas, sim, que saudades de te partir a tromba, meu caríssimo, meu saudoso André Santos.

PS- It's pay back time- bitch.