12.7.07

Ok boss, ok.

- Olha, preciso que venhas comigo, tenho umas coisas para tu fazeres.
- Agora? Agora estou aqui ocupado, estou a tratar de um assunto, de coisas impor…
- Tem de ser agora, já.

Ok boss, ok

- Estás a ver ali aquele edifício?
- Sim?
- Vai lá dentro à recepção e pergunta pelos meus óculos escuros que me esqueci deles hoje de manhã quando me reuni com o engenheiro.
- E quer que eu lá vá buscá-los?
- Já devias era ter ido.
- Mas, vestido assim, de calções de praia e de xanatos? É um sítio elegante, um sítio que cheira a dinheiro, é um sítio para se ir bem vestido, como o senhor, nunca assim!
- Ninguém liga a isso. Vai que já estou atrasado.

Ok boss, ok.

- Olha, agora, esperas aqui enquanto eu vou ali ao banco, não demoro nada.
- Mas, está um calor horrível!
- Eu não demoro nada, espera aí que eu já venho.

Ok boss, ok.

[45 minutos depois]

- Safa, os gajos do banco são cá uns melgas!
- Sim? Problemas?
- Chatices pá, não sei o quê do computador e os dados que não eram reconhecidos, uma seca tremenda!
- A sério? E tinham ar-condicionado?
- Lá isso, tinham, isso, tinham, foi o que me safou.

Ok boss, ok.

- Podemos agora ir tratar do meu problema?
- Qual problema?
- A bateria, o carro, lembra-se?
- Ah, pois, o carro que tu avariaste…
- Sim, esse carro. Pedi-lhe hoje de manhã que me ajudasse a resolver esse problema…
- Eu não empurro nada, ouviste?
- Não se preocupe. Empurro eu e o senhor só tem de engatar a terceira e pô-lo a trabalhar. Como está numa descida não será difícil. Depois, peço-lhe, encarecidamente, venha comigo até à loja comprar uma bateria nova, não vá dar-se o azar do carro ir abaixo ou assim...
- Tu és um chato, eu tenho muitas coisas para fazer, sou um homem ocupado, ouviste?
- Eu sei. É um favor que lhe peço e ficar-lhe-ei eternamente grato.
- Bom, pode ser. Mas empurras tu e pagas tu, percebes?

Ok boss, ok.


- Olhe, desculpe, eu queria uma bateria para o carro…
- O rapaz quer uma bateria que trabalhe, nada de modernices, sobretudo, que não seja caro!
- Boss…
- É assim mesmo pá, senão ainda te vigarizam!
- Boss…
Querem uma bateria, é? Não sei se tenho.
- Por favor, é só uma bateria e já vamos embora…
- Nesse caso, está bem, mas vai custar-lhes caro…
- Eu sei, mas eu só quero uma bateria, se for em conta, tanto melhor.
- Bem, vou ver o que se pode arranjar.
- És mesmo um parvalhão pá, não soubeste lidar com o homem. Agora, amanha-te. Se julgas que te passo um vale para pagares essa merda, estás muito enganado.

Ok boss, ok


- Anda cá, já acabei de jantar!
- E?
- Anda cá, és surdo? Anda cá!
- Estou a escrever, estou a tratar de coisas impor…
- Anda cá!
- Diga?
- Faz-me um nescafé.
- Um nescafé?
- Sim, um nescafé, está aqui ao lado na cozinha.

Ok boss, ok.

- Ó, então e a colher, não me trouxeste a colher!
- A colher?
- Sim, traz-me uma colher para mexer o nescafé, como é que queres que o mexa?
- Olhe boss, tem bom remédio: saque do caralho e use-o para mexer o café; não só o adocicará como ficará com a pilinha bem mornita…
- Tu não falas assim com o teu pai, ouviste, ouviste???

Ok boss, ok. Tudo ok.