1.4.07

Diz que é uma espécie de comentário

Boa noite, caros leitores deste nosso querido Portugal. Hoje decidi meter-me em políticas e deixar de lado a temática obscura e deprimente a que o Lado Negro tão bem vos tem habituado. Sei bem que não me devia meter em políticas, já que porreirinho, porreirinho, é o trabalho, coisa que até tenho em demasia. Porém, sou da opinião (Deus nos livre de as termos neste país) que o programa de hoje da RTP, "Diz que é uma espécie de magazine", merece uma crítica positiva.
Sendo este programa ainda uma das poucas coisas a que vale a pena assistir no monte de esterco que é a televisão portuguesa, hoje o público português foi brindado com um especial Fascismo (ou Fascismo sem tónica no "a"). Como todos sabemos, e embora este tema já esteja consolidado o suficiente, num pseudo-concurso organizado exactamente pela RTP, Salazar foi eleito o maior português de sempre. De sempre, pois não houve e, pelos vistos, nunca haverá português mais português do que este nosso carismático ex-Presidente do Conselho. Na verdade, acho que até o critério de eleição da Miss Marrocos tem mais credibilidade do que o que a RTP utilizou. O que raio é "maior de sempre"? Que é isso de "maior"? O gajo que escreve bem? O gajo que andou à chapada melhor do que os outros? O gajo que soube agarrar-se ao poleiro durante décadas? Para mim, maior é o gajo que é mais alto do que os outros. E agora? Desculpem lá, mas parece-me um critério com lógica.
Estou eu a comer o meu McTasty acompanhado da boa da batata frita e Coca-Cola (sim, a água suja do capitalismo, mas, que porra!, também sou filho de Deus, Nosso Senhor), quando vejo o quarteto fantástico da RTP a entrar em palco, vestido, nada mais nada menos, com o uniforme da Mocidade Portuguesa. A eles ninguém os trava do Mercedes! Numa sonora gargalhada, engasgo-me com a coca-cola e cago a camisa toda com maionese (felizmente, não tinha o uniforme vestido).
Bem, o ponto central de toda esta algaraviada é chamar a atenção para o simples facto de que estes quatro cavalheiros foram os únicos que se lembraram de ver se tinham os tomates no sítio para, de forma mui cáustica e singela, perguntarem "Mas anda tudo estúpido?". De modo ligeiro, mas também sempre sério e com o dedo na ferida, o programa de hoje lembrou o que é um regime fascista, quem era Salazar e ainda mandou umas bocas muito lindas à tentativa sorrateira e porca da extrema-direita (sim, porque não são fascistas) de ir ganhando uns pontos.
Enfim, gostei. Lá alguém se pronunciou decentemente e sem ligar a falsos respeitos sobre toda esta salgalhada.
Agora, pensar por nós é que não podem...