24.1.07

O silêncio da rotina

Tenho dito ultimamente como te amo? Já te disse hoje como te amo e como és o mais importante para mim? Que sem ti não vivo, e sem ti a vida não vale a pena? Hm? Não? Sabes porquê? A verdade é que não te curto! Nada, nadinha! Zero, zilch! Não te curtia ontem, e curto-te menos hoje. Se te vou curtir amanhã? Pois... não sei! Vai depender da tua atitude, da tua coragem, de ti.
Vá, vá! Para quê tanta merda, meu caro? Para quê a hipocrisia? Tu lá és hipócrita? Tu, um gajo com uma personalidade tão forte? Tu lá dás coroa e meia ao que os outros pensam de ti! Sei bem que também não me curtes. Que gostas tanto destes nossos tête-à-tête como de um tiro na boca. Não é, meu lindo? Não gostas, pois não? Incomoda-te, não é verdade? Tens raiva que te pique, odeias que te confronte, não é? Ficas todo chateadinho quando te esfrego na cara, todas as manhãs, o monte de esterco que és! Mas, eu sei qual é o teu problema. Não te preocupes, filho, não te preocupes que eu sei tudo e um pouco mais. Só não sei o resultado da lotaria, a ver se te pago umas férias! No fundo, queres ser como eu, não queres? Queres ser desembaraçado, desenrascado, adorado, vá, admite! Epá, que chatice, pá!... Queres ser bem falante. Galante; diletante, acutilante, cortante lacinante irritante um tratante! e muitos outros “ante” que te faltam e eu tenho! Ou não? Queres matar-me/te e ser eu/tu! Deixa lá, meu querido, que enquanto andares por aí a palmilhar com merda nessa cabecinha de alfinete, eu vou estar aqui a sussurrar-te ao ouvido, a enlouquecer-te, a esmagar-te aos poucochinhos, a deitar-te abaixo, a ver se acordas que já se faz tarde! Rise and shine, wake up and smell the fuckin’ coffee, pá! Não te vou largar, fica descansadinho. Fui eu quem te deu o primeiro cheque-mate, no negrume das tuas trevas, no silêncio da noite, quando ainda nem sabias qual era o jogo, lembras-te? Eu sei que te lembras, nunca esqueceste, nunca entendeste! Fui eu que te disse: “Vês? Vês como és fraco? Vês como perdes sempre? Vês como não me podes vencer?” Deita a cabecinha na almofadinha de penas, que amanhã acordo-te bem cedinho, com o pequeno-almoço na cama.

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Porquê? Não percebes nada... Não percebes que tu não és tu, que eu não sou parte de ti, mas que tu és parte de mim e me prendes, porque és fraco, és a capa de ti próprio, a capa da tua força, a minha capa, a minha máscara. És a minha doença. O meu carrasco. O veneno que me infecta e me mata lentamente... E um dia vais perceber que morri, quando todos te deixarem. Estarás só... Temes-me! Temes a minha força, a minha confiança, os meus “ante”, ainda que por tudo isto anseies. Eu sei tudo, sei tudo o que sabes, só não sei o porquê... porque tu também não sabes...

Vai lá! Amanhã vou estar á tua espera... a menos que percebas que não precisas de mim para seres eu... para seres tu.


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“Merda! Cortei-me! Estas lâminas não valem a embalagem onde vêm!”

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“É oficial, tenho que comprar um espelho novo. Este não me favorece nada.”