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Hoje acordei só.
Acordei com a alma negra e suja
Como o carvão.
Com o cérebro em chispe de feijoada
D’absinto.
Com sentimentos de utopia, palavras d’alegria
Como a Liberdade.
Com o rei da rosa submerso no Mar
Dos espinhos.
Com promessas perdidas no regaço da dor
Como o Amor.
Com os olhos D’Ásia através das oliveiras
Do Tempo.
Com segredos e mentiras num peixe da Lua
Como a Loucura.
Com uma certa fadiga, inquieto rebelde
Do excesso.
Com o azul infinito dos teus olhos
Como o diabo.
Com um cigarro amarelado de medo
Da morte.
Como as folhas de Outono a cair
Como a Vida.
Hoje acordei só.
E, pior do que tudo,
Com uma execrável dor de dentes!
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