Amigos, Universidade de Birmingham, Março de 2006
Somos amiúde criticados pelo facto de não assumirmos aqui as nossas verdadeiras identidades e ao invés nos escondermos atrás de máscaras mais ou menos credíveis. Sim, claro que não me chamo Lúcio e jamais frequentei a Faculdade de Agronomia, da mesma maneira que o outro meco não se chama Helel e se há uma coisa de que não percebe patavina é de linguísticas, morfologias, etimologias et all. Para uns é absolutamente indiferente a nossa verdadeira identidade (para mim também o é, de certo modo, leio os outros não por quem são mas por aquilo que escrevem). No entanto, para outros, as máscaras causam alguma confusãoi Por exemplo, ainda há poucos dias a novel prosadora das emoções comentava polidamente comigo esse facto e na altura silenciei-me e nada adiantei. Ora, como entretanto O Lado Negro entrou nesta contagem decrescente resolvi vir então expor algumas das razões que nos levam a não assumirmos o nosso verdadeiro rosto. A verdade é mais trivial do que possam pensar e basicamente resume-se ao seguinte: somos figuras públicas com altos cargos ao serviço da Nação, aparecemos nos jornais com frequência, inclusive, para mal dos nossos pecados, nas revistas cor-de-rosa e por isso temos uma imagem a manter que não se compadece com certas coisas que por vezes aqui vimos vomitar. Essa é a razão principal, e esperamos que compreendam, mas há outras; também é um facto que nos esforçamos por não deixar nada ao acaso e, se eu sou Lúcio Ferro e o outro meco é Helel Ben Shahar, deve para isso existir uma razão, não vos parece?.. Fica pois, sobretudo para os mais antigos e fiéis leitores, um ponto de interrogação.
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