6.2.09

Bom fim de semana



Diz o José (não quero ofender os puristas do gajo que só sabia que nada sabia e que achava muito bem não se escrever e que inspirou um tipo chamado Platão, cujos ensinamentos, ai a luz, ai a sombra, ai a alma, fizeram mais mal do que bem, na minha modesta opinião, tratando o José por Sócrates, é só cicuta filho, só cicuta), que é vítima duma campanha «negra».

Se é ou não, não tenho a certeza mas também não quero saber. A mim, o que me preocupa, já diziam os apoiantes do Bill (o Clinton, prontos), «it's the economy - stupid.»

Pois bem, a minha economia está... «negra», má como o balancete do BPN e isso é uma foda.

Este fim de semana, sobram-me duas latas de salsichas, uma lata de atum, um pimento, três folhas de alface, quatro carcaças, meia garrafa de óleo, meio pacote de esparguete nacional, uma garrafa e meia de vinho tinto de pacote, três latas de cerveja de marca branca e quatro saquinhos de chá do bom, restos de outros tempos aúreos.

Agora, as boas notícias: ainda não me cortaram a água, o acesso à internet ou a luz, tenho quarenta gramas de tabaco gold leaf, 77 filtros ventil e 65 mortalhas drum. É, contei, pesei, medi, coisas que têm a ver com economia, «negra» ou não.

Ah, sim, já me esquecia: sobram ainda 15 cêntimos na carteira e aproximadamente quatro litros de gasóleo no depósito, ou seja, dá para ir daqui até à charcutaria mais próxima, levar as carcaças e o vinho, fechar os olhos, cheirar a atmosfera da charcutaria e «comer» peitinhos de frango com piri-piri a «boiar» no pãozinho a sonhar que estou a beber «Mouchão» ao invés de vinho de Alguidares de Baixo.

Campanha «negra» diz o José. Sem dúvida, digo eu; campanha «negra» vai ele ver o que é - realmente - se daqui a uns meses aqui o Je (e falo por milhões de portugueses) não tiver, a uma sexta-feira à noite, pelo menos quatro garrafas de vinho na dispensa (do bom, do Douro, nada de porcarias), 30 euros na carteira e 20 litros de gasóleo no depósito, já para não falar no resto.

E é suposto viver um tipo como eu
assim até segunda-feira, altura em que, note-se, receberei dinheiro que me permitirá pagar todas estas «extravagâncias» deste fim de semana, um fim de semana de epicurismo puro.

Pois é, uma chatice, no Darfur, em Gaza e no Zimbabué é bem pior, só que eu não sou nem darfuriano, nem ganzadiano (ora aí está uma outra lacuna grave, gravíssima, come to think about it, na minha economia recente), nem vivo sob a ameaça dum ditador senil. Não, vivo na Europa. Não é verdade?

Tenham um óptimo fim de semana, que eu também.

Cheers!