31.8.08

Prosa licenciosa*



«There only two ways to pipe down a particularly talkative gal and make her appreciate life at its best; the first is to punch her nose straight out no questions asked and quietly walk away; the second is to force fuck her into a trance of orgasmatic complacency and benign silence.»


*Licenciosa de discurso directo sem leito nem preito e de licença poética à la Bocage transplantada a partir da veia de um canto esfumaçado de Wattford na Primavera,de lílases, rosas, margaridas, flores, que era o que a minha avô dizia sempre que a fala, vamos falar de flores, a conversa das pessoas, dos seus íntimos, vamos falar de flores, não lhe agradava.

Sem pedir licença, esta mulher antepassada primeva de poucas palavras curtas e de meigas mãos frias acudia a falar de flores, instava a que se falasse de flores, pedia licença para que se falasse de flores. Gritava sem peio que se tinha de falar de flores!

A sua prosa, a sua maneira de falar sobre flores, isto era mesmo assim, lograva - por vezes - raiar o mais licencioso dos costumes que à época se pudessem considerar virtuosos, nobres, românticos ou meramente desagradáveis.

Coisas, achaques dizia o avô, desenvolvidos a partir da leitura de Júlio Dinis, na cama com Camilo, uns pózinhos de João da Ega escarninho nos lábios rouje à mistura na sesta da tarde com o sentido do gracioso que encontrava nos assuntos dos homens - do seu homem - que a tentavam.