16.6.08

O segredo dos saloios

Anda por aí um livro, best seller por todo o mundo e também em Portugal, que afirma dar a conhecer ao mundo «o segredo», qual «elixir mágico» de uma vida - enfim - feliz.
Na promoção de «O segredo» pode ler-se:
Ao longo da existência da humanidade, um grande segredo foi protegido a ferro e fogo. Homens e mulheres extraordinários o descobriram e não só alcançaram feitos incríveis como também mudaram o curso de nossa história. Platão, Da Vinci, Galileu, Thomas Edison, Beethoven, Napoleão, Abraham Lincoln e Einstein foram alguns dos grandes homens que controlavam a força desse mistério.»
Claro que, um segredo destes não poderia passar incólume por muito mais tempo e é agora revelado no respectivo livro (quem é que se chibou a quem é matéria que permanece pardacenta, mas isso pouco parece importar para o caso, tal a importância do conteúdo do segredo revelado.)
Qual é esse conteúdo? Simples, há uma coisa chamada Lei da Atracção, de acordo com a qual, se pensarmos muito (mas com muita força mesmo) num determinado objectivo, por «atracção mental» ele infalivelmente se realizará.
Por exemplo, suponhamos que desejam comer uma gaja qualquer podre de boa que só vos tem dado negaças; nada mais simples: fechem-se no vosso cérebro e pensem positivamente sobre ela e sobre os planos que para ela elaboraram que em menos de um «ai jesus», voilá, tendes a prenda na cama, com aquela lingerie explosiva e tudo.
Na verdade, nada disto seria gravoso, não fosse o facto de confirmar um outro segredo, que muito pouca gente conhece: o de 99.9 por cento da população mundial ser crédula e estúpida. Isso até nem seria o pior, não fosse dar-se o caso de que entre os 0.1 por cento que sobram existir gente inteligente mas má. (Felizmente, a estupidez não costuma estar associada à maldade, pelo menos não à maldade típica dos tipos inteligentes.) Gente que à pala de segredos como este, como o de Fátima, como os do professor bambo, como os do euromilhões e os do futebol e afins, se enche de pasta. Qual o segredo deles? Desses saloios que se safam em beleza? Olha, são espertos e são filhos da puta, predicado este que, por vezes - só de vez em quando, quase sempre quando não engano um pato apenas e só por pruridido moral -, por vezes saber-me-ia mesmo bem partilhar com eles.
Boa semana.
PS- Fiquem aqui com um docinho :-)