15.2.07

Amanhecer

Navegamos os infindos céus,
os olhos cintilantes: são estrelas
rasgando a suspirante noite
que da manhã os segredos esconde.
A lua banha de prata a treva,
luz da confidente sombra,
sobre nós derramando cúmplices lágrimas.

Um fulgor de incandescente luz: o sol,
em chamas e brasas explode na matiz
de rosa, laranja e carmesim, labareda devorante
da treva, para a desnudar
azul e luminosa aurora revelando segredos
a ignotos deuses,
bisbilhoteiros e sem-vergonha.

Mas nós, aos segredos da noite
e invasão dos deuses – Indiferentes!

Sob as ancestrais árvores, mais antigas
do que o segredar, deitados,
sentindo a relva brincar entre os dedos,
a face tranquila acariciada p’la brisa fresca,
mordemos a suculenta maçã,
sem alma, só corpo, sentimos, enquanto
o sol desperta e desliza morno sobre a pele.

E assim troçamos dos deuses invejosos
na nossa viagem pelo Universo.