26.1.07
O fim da monção
Quando deus olvida
qual o nosso lugar em vida,
perde o rasto em venturas
de sucessos e mágoas futuras,
quando se esvai a fé
no doce embalo da maré,
- A quem adorar?
Porque foste atirado,
para esta terna terra lançado,
e ignoras destino outro ingrato
que destruir,
mentir, trair, magoar
... e iludir,
- A ti, me entregar?
Quando esta breve viagem
quebra espírito, alma e razão,
não mais que dor de passagem,
nem que seja simples convicção!
...Quando lágrima vã
se esgota no rio do pensamento,
- O silêncio, renegar?
Quando os versos se encurtam,
palavras vazias se acabam,
perdidas em inócuo sentido,
perde-se o alento
nas palavras que não chegam a ser,
nos pensamentos que não chegam a morrer,
- Por mim, escrever!
Na mente nasce a mentira,
o coração alimenta a ilusão.
Um dia, também a sorte vira,
e eu, ingénuo, vagabundo cão,
esperando o fim da monção,
sorrirei, no aconchego da calmaria.
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