28.11.06
Sem Título
Estou neste quarto sozinho e sem sentimento. Outra vez sem sono, outra vez sem dormir, tento escrever algo. Não sei. Serena e tristemente a tua voz sopra-me ao ouvido o que quero escrever, o que devo escrever. A tua mão quente guia as minhas palavras, as linhas confusas que se desenham vagarosamente no papel. A minha memória é uma paleta de recordações indistintas e sem significado. De ti, lembro a dor e o sofrimento (mas no fundo sabes que há mais, há sempre). Lembro um mundo e uma vida ingrata face ao teu esforço, à tua luta! (não foi em vão...) Uma vida que nunca te tratou como merecias, que te usou e deitou fora (não me arrependo). Não há destino ou lição a aprender! Não há nada... Apenas o peso da tua dor e um ódio enfurecedor que tudo consome!... que não deixa espaço para mais...
A tua benção era eu (sempre foste tu). (Eras tu que me fazias lutar, que me fazias avancar, em frente, sem hesitar, de rosto erguido, sem medo. Por ti lutei...). Soube-o quando me disseste que nunca esquecesse que me amavas, o rosto distorcido pelo sofrimento... pelo cansaço... as lágrimas a rasgar o teu rosto...
Eu luto também: contra o ódio, contra a dor. E quero acreditar que velas por mim (estou sempre contigo). Mas, porque é tão dificil? (Não é) Porque não consigo? (Porque não queres?)
As nossas lágrimas transformam as palavras em borrões de tinta negra. Lentamente, levanto-me, sem respostas, sem caminho, arrasto-me até à cama, exausto, e vou dormir (dorme)... um sono sem sonhos (estarei a velar por ti). Já não sinto a tua alma guiar-me (estou sempre aqui, sempre estarei). Já não sei o que escrever... apenas sei o que sinto, e o que não quero sentir...
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