Eu julgava que não me era possível voltar a ler.
Mas neste jogo de xadrez não há tempo algum a perder. Os tubarões estão à solta e afiam os dentes nos meus impostos por pagar e a ilusão da Liberdade não passa disso mesmo: uma ilusão. Ao menos essa ilusão, comprimido azul, permite comer uma bife tártaro sem o desprazer de o ter de pagar. Permite ignorar o Nosferatu e pensar que tudo não passou de um sonho mau. Imagens.
O poder de certas imagens. Um post com insinuações e desejos ocultos e fantasias por resolver. Um post deselegante, roubado algures no tempo que foi.
Um dia olhei. O meu rosto no espelho e não me reconheci. Quem sou eu, perguntei à imagem que me olhava como se olha um cão vadio em vísceras na auto-estrada. Bomp. O espelho não responde. Olhei para os teus olhos e foi lá que me reconheci. Tão próximos, como se fossemos um só, sem que nunca nos tivessemos visto. Tudo falso. Tudo mentira. E que queriam? A história detalhada da minha vida? Não há. Sou feito de ilusões. Que por vezes magoam. Como agora.
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